segunda-feira, 24 de abril de 2017

BRT de Jatene custará o dobro de Manaus e da Augusto Montenegro, e o triplo de Las Vegas. Por incrível que pareça, até empatará com o gigantesco Transcarioca, que tem capacidade para 300 mil passageiros por dia. Turbinagem é tão grande que serão construídas mais 7 estações na Almirante Barroso, já lotada de estações do BRT da Prefeitura. Centro de Controle Operacional será "construído" no antigo Palácio dos Despachos. Perereca superfatura preços, mas não consegue alcançar valor anunciado pelo governador, para o seu BRT: R$ 530 milhões, para apenas 10,75 km de extensão. Ou inacreditáveis R$ 50 milhões por km.

A rica e sensacional cidade de Las Vegas, nos EUA...


 
...A ponte estaiada da Barra da Tijuca, do gigantesco BRT Transcarioca...


...E a pobre e maltratada Belém. Mas BRT de Jatene será o mais caro (Foto: Antonio Cícero/AG).
 


É incrível, mas verdadeiro: o BRT Metropolitano,  que o governador Simão Jatene pretende começar a construir ainda neste ano, custará inacreditáveis R$ 50 milhões por quilômetro, o que é o dobro dos BRTs de Manaus e de Brasília, e até do BRT da Augusto Montenegro,  que está sendo executado pela Prefeitura de Belém.

O BRT de Jatene também custará, por quilômetro, o triplo dos BRTs de Florianópolis (Santa Catarina), Goiânia (Goiás), Palmas (Tocantins), Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e Fortaleza (Ceará). Será, ainda, 8 vezes mais caro do que o de Recife (Pernambuco).

Por incrível que pareça, o custo por quilômetro do BRT de Jatene praticamente empatará com o gigantesco Transcarioca, do Rio de Janeiro, que entrou em operação em junho de 2014, para a Copa do Mundo, e possui capacidade para 300 mil passageiros por dia.

E mais: o BRT de Jatene também custará, por quilômetro, o triplo de dois BRTs da rica cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos: o MAX (Metropolitan Area Express) e o SX (Sahara Express). 


Sem medo de ser feliz 

Segundo a Wikipédia, a cidade de Las Vegas, cuja região metropolitana alcança 1,9 milhão de habitantes, já possuía, em 2000, uma renda per capita de 22.060 dólares.

Já a renda per capita média do Pará, de R$ 708, foi a terceira pior do Brasil, no ano passado, à frente apenas dos estados de Alagoas e Maranhão.



No entanto, foi Las Vegas, e não Pará, quem decidiu economizar com o BRT.

Em Las Vegas, o BRT MAX (Metropolitan Area Express), com 12,07 km de extensão, foi inaugurado em 2004. Já o SX (Sahara Express), com 36,50 km, foi inaugurado em 2012.

Mas cada um custou, segundo o site BRT Data, menos de 5 milhões de dólares por km (ou R$ 15 milhões ao câmbio atual), já incluindo, além do corredor de tráfego, a infraestrutura específica, como é o caso das estações.


Já o valor anunciado pelo governador Simão Jatene para o BRT Metropolitano, que terá apenas 10,75 quilômetros, é de R$ 530 milhões, ou quase R$ 50 milhões por km (16,5 milhões de dólares por km), ou mais que o triplo do que foi gasto em Las Vegas.

Confira no quadrinho a notícia da Agência Pará, a central de informações do governador, sobre o custo e tamanho do BRT Metropolitano (clique em cima para ampliar): 




O “empate” com o gigantesco Transcarioca 

Tão o mais impressionante é que o custo, por quilômetro, do BRT de Jatene praticamente empatará com o Transcarioca, do Rio de Janeiro.

O Transcarioca tem 39 quilômetros de extensão e o valor mais alto que se atribui a ele, em vários sites pesquisados pela Perereca, é de R$ 2 bilhões, incluindo as desapropriações.

Isso significa que, mesmo usando no cálculo o valor mais alto, o Transcarioca ficou em R$ 51,2 milhões por km – apenas R$ 1,2 milhão a mais, por km, do que o BRT de Jatene (ou algo em torno de 2%).

Só que a diferença entre as duas obras é gritante.

O BRT de Jatene terá 26 estações, 2 terminais de integração, 13 passarelas para travessia de pedestres, 1 viaduto de quatro pétalas e um Centro de Controle Operacional.

Já o Transcarioca tem 10 viadutos (um deles estaiado), 9 pontes (duas estaiadas), 3 mergulhões, 45 estações e 5 terminais de integração. Só a ponte estaiada da Barra da Tijuca, com 900 metros de extensão, custou R$ 120 milhões.

Segundo a prefeitura do Rio, a obra consumiu 21 toneladas de aço (equivalentes ao peso de 18 estátuas do Cristo Redentor); e 270 mil metros cúbicos de concreto (o suficiente para construir três estádios do Maracanã).

Veja um vídeo de 2012 sobre o impressionante Transcarioca: https://www.youtube.com/watch?v=RsJ5YH5zcNc 

Ou assista abaixo: 


 


Aqui você lê sobre a inauguração do Transcarioca: http://www.rio.rj.gov.br/web/smo/exibeconteudo?id=4797555 

E a inauguração da ponte estaiada da Barra da Tijuca: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=4524006 

Ou clique nos quadrinhos abaixo:


 



Mais detalhes sobre aquele impressionante BRT.  
Aqui: http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/Transporte/unica-obra-de-mobilidade-urbana-para-a-copa-brt-transcarioca-313025-1.aspx 
E aqui: http://www.cidades.gov.br/component/content/article?id=4937 


O dobro de Manaus e até 
da Augusto Montenegro


Há mais, porém. Se a estimativa de Jatene se confirmar, o BRT Metropolitano também ficará entre os mais caros do Brasil e será “exemplar” até para os padrões “orçamentários” dos tucanos, digamos assim.

Em Manaus (AM), a estimativa mais recente do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) é de R$ 1,2 bilhão para os 50 quilômetros de BRT que cortarão a cidade de Norte a Sul e de Leste a Oeste - o que dá R$ 24 milhões por km.

Leia aqui: http://www.manaus.am.gov.br/2016/11/01/implantacao-do-brt-e-prioridade-na-gestao-diz-arthur/ 

Ou clique nos quadrinhos abaixo:  






Na página 34 dos anexos do Plano de Mobilidade de Manaus, que foi aprovado em dezembro de 2015, há, inclusive, uma estimativa de preços para a implantação de um BRT: R$ 27 milhões por km. Veja no quadrinho abaixo: 




Clique aqui para ler todo o plano:http://smtu.manaus.am.gov.br/ 

E mais: em 2012, o BRT de Manaus previsto para a Copa do Mundo, e que não saiu do papel, deveria custar R$ 290 milhões, para 23 quilômetros (R$ 12,6 milhões por km).

Já o BRT que o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (também do PSDB), executa na rodovia Augusto Montenegro ficará em R$ 290 milhões, aí incluído um aditivo superior a R$ 20 milhões, de dezembro passado. E como terá 13,90 quilômetros, o seu custo por km será de R$ 21 milhões, ou menos da metade do BRT Metropolitano.

Veja o aditivo que elevou o valor do contrato do BRT de Zenaldo para mais de R$ 290 milhões:






Mais caro que Florianópolis, Recife, Fortaleza, Goiânia, Brasília, Palmas e Porto Alegre.


 
Veja outros BRTs que também custarão bem menos do que o BRT de Jatene. Alguns ficarão em um terço do Metropolitano de Belém: 


Florianópolis 
Em Florianópolis, informa a assessoria de comunicação do Governo de Santa Catarina, o BRT Metropolitano terá 87 quilômetros de extensão. O custo total será de R$ 1,4 bilhão (já incluídos R$ 300 milhões em indenizações), o que dá pouco mais de R$ 16 milhões por km.
Na primeira fase, serão executados 57,5 km de vias e faixas exclusivas, com 36 estações, 4 terminais de integração, 76 paradas. Haverá um Centro de Controle Operacional, vigilância eletrônica, plataformas com portas automáticas, informações em tempo real aos usuários e wi-fi gratuito nos ônibus, paradas, estações e terminais.
Será implantado em parceria com a iniciativa privada, a responsável pela execução e manutenção de toda a infraestrutura. Além de Florianópolis, atenderá mais três municípios e terá 400 mil usuários por dia. 


Recife 
Em Recife, no estado de Pernambuco, o BRT “Via Livre” Norte-Sul começou a operar em 2014, mas ainda está parcialmente concluído. Atenderá 8 cidades e mais de 155 mil pessoas por dia. Terá 33 quilômetros e ficará em R$ 180 milhões – ou seja, menos de R$ 6 milhões por km.
Veja no quadrinho abaixo as informações sobre o BRT Norte-Sul no site BRT Brasil:



E aqui, no site Grande Recife:



Já o BRT Leste-oeste, também prometido para a Copa de 2014, está mais atrasado.

Leia a reportagem do jornal Diário de Pernambuco, de julho do ano passado: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2016/07/20/interna_vidaurbana,656088/brt-sera-ampliado-no-proxomo-ano.shtml 


Fortaleza 
Em Fortaleza, no estado do Ceará, quatro BRTs em construção (avenidas Dedé Brasil, Paulino Rocha, Alberto Craveiro e Raul Barbosa) somam 20 quilômetros de extensão e estão orçados em 232,4 milhões – ou menos de R$ 12 milhões por km. O projeto prevê até a construção de tuneis.

Veja aqui: 



Leia, também, a matéria do jornal O Estado do Ceará, de abril de 2014, sobre as obras: http://www.oestadoce.com.br/geral/quatro-das-cinco-obras-para-copa-do-mundo-serao-entregues-ate-maio 


Goiânia 
Em Goiânia, capital de Goiás, está sendo construído o corredor Norte-Sul, com 38 estações, 7 terminais e capacidade para 12 mil passageiros por hora.
São duas, porém, as extensões desse corredor que circulam na internet: 21,8  e 27 quilômetros. E dois, também, os preços totais – o mais alto é R$ 340 milhões.
No entanto, mesmo dividindo o valor mais alto pela menor extensão, o custo será inferior a R$ 16 milhões por km.
As obras, porém, estão paradas desde outubro do ano passado, por falta de dinheiro da prefeitura.
Leia aqui: http://www.opopular.com.br/editorias/2.234055/obras-dos-corredores-de-%C3%B4nibus-na-avenida-t-7-e-o-brt-norte-sul-devem-ser-retomadas-1.1251155 
Aqui: http://www.opopular.com.br/editorias/2.234055/brt-norte-sul-%C3%A9-inc%C3%B3gnita-1.1228114 
Aqui: http://www.opopular.com.br/editorias/politica/iris-pretende-mudar-brt-e-evitar-centro-1.1228911 
Veja o vídeo de 2013 que detalha as obras: https://www.youtube.com/watch?v=QO2YmoiIJIk 


Brasília 
Com 8 estações e 2 terminais, o expresso DF Sul, em Brasília, figura com duas extensões na internet: 36,2 e 43,8 quilômetros. São vários, também, os valores que circulam, na rede, para as obras. 
Mas a Assessoria de Comunicação do Distrito Federal garante que elas ficaram em R$ 704.709.866,75 e que o BRT tem 27,5 quilômetros.
Teria ficado, portanto, em R$ 25,6 milhões por km.
A primeira fase foi inaugurada em 2014 e, segundo a Assessoria, ele transporta 95 mil pessoas por dia, atendendo as regiões do Gama, Santa Maria e Park Way com destino à Brasília.
Foram construídos 5 viadutos para o BRT, em valor superior a R$ 2 milhões, somados, além de duas trincheiras de 100 metros, que custaram R$ 775 mil – informa, ainda, a assessoria.
Leia mais aqui: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/06/sem-prazo-para-funcionar-agnelo-inaugura-1-fase-do-expresso-df-sul.html 


Palmas 
Em Palmas, no estado do Tocantins, o BRT está orçado em quase R$ 454,5 milhões, para 35 quilômetros de extensão – o que dá quase R$ 13 milhões por km.
No entanto, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a paralisação da obra por considerá-la “fora da realidade” e que poderá causar um prejuízo de R$ 227 milhões aos cofres públicos.
Em maio do ano passado, a Justiça Federal já havia considerado esse BRT hiperdimensionado: a demanda prevista pela Prefeitura, de 89 mil passageiros por dia, seria superior a de Paris, capital da França (Palmas tem menos de 280 mil habitantes).
O Ministério Público Federal (MPF) pediu, e obteve, o bloqueio das verbas. A Polícia Federal investiga suposta fraude na licitação.
Leia aqui: http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2017/03/auditoria-diz-que-brt-de-palmas-e-ilegal-e-esta-fora-da-realidade-local.html  
Aqui: http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2016/05/justica-federal-considera-ilegal-todo-o-projeto-do-brt-de-palmas.html 
E aqui: http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2016/11/pf-faz-operacao-e-cumpre-mandados-na-casa-do-prefeito-de-palmas.html 


Porto Alegre 
Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a estimativa mais alta localizada pela Perereca para os 3 BRTs em construção (Protásio Alves, João Pessoa e Bento Gonçalves) está no portal da Transparência da prefeitura.
Consta que terão 17,2 quilômetros de extensão e ficarão em quase R$ 213,3 milhões, já incluídas desapropriações e sistema de monitoramento.
O custo será, portanto, inferior a R$ 13 milhões por km.
Clique no quadrinho para ver o valor total das obras:



E confira a extensão e detalhes da execução: http://www.obrasdemobilidadeurbana.com.br/obras

 
BRT de Jatene encolheu. 
Mas o preço até aumentou. 


O BRT de Jatene faz parte do “Ação Metrópole”, programa executado pelo Governo do Estado, com financiamento da JICA, a agência de cooperação internacional do Japão.

Em 17 de abril de 2011, o jornal Diário do Pará publicou reportagem na qual o coordenador geral do Ação Metrópole, César Meira, informou que o corredor de BRT da Almirante Barroso e BR 316 estava orçado em R$ 480 milhões.

Meira não disse, mas já se sabia, à época, que esse corredor teria uma extensão de 27 quilômetros, desde o centro de Belém até Marituba.

Veja no quadrinho abaixo: 



Só que, no ano eleitoral de 2012, o então prefeito, Duciomar Costa, resolveu executar o “seu” BRT, na Almirante Barroso. 

A obra foi embargada várias vezes pela Justiça, porque não tinha nem projeto, nem financiamento.

Mas com toda a confusão que gerou, os BRTs da Almirante Barroso e do centro de Belém acabaram sob a responsabilidade da Prefeitura, com recursos provenientes do Governo Federal.

Com isso, o BRT do Governo do Estado, financiado pela JICA, “encolheu” para os 10,75 km que vão do Entroncamento até Marituba.

Mas o valor acabou estimado em R$ 530 milhões, apesar de ter “perdido” os 17 km da Almirante Barroso e do centro de Belém. Dá para entender?

No entanto, a coisa toda fica ainda pior quando se examina o último estudo da JICA sobre o Ação Metrópole, realizado em 2009, a pedido do Governo do Estado.

Nele, o custo para a construção de uma via de BRT é estimado em 4 a 5 milhões de dólares por quilômetro (ou R$ 15 milhões, ao câmbio atual).

A informação está na página 1 do capítulo 5 do “Relatório do Ação Metrópole”, que pode ser acessado no site do Núcleo de Gerenciamento do Transporte Metropolitano (NGTM): http://www.ngtm.com.br/site/index.php/downloads/cat_view/7-relatorio-acao-metropole-a4 

Ou veja no quadrinho abaixo:




E todo o sistema de BRTs de Belém e Região Metropolitana (incluindo a faixa exclusiva da Almirante Barroso; canaletas na Augusto Montenegro e BR 316; faixas preferenciais no centro de Icoaraci e centro expandido de Belém; terminais de Ananindeua, Marituba e Icoaraci; requalificação do terminal de São Brás; estações do Tapanã e Mangueirão e 40 pontos de paradas), ficaria em 223,2 milhões de dólares, ou R$ 513,4 milhões, no câmbio da época (R$ 824 milhões em valores atualizados pelo IPCA-E de fevereiro).

A informação está na página 8 do capítulo 6 do mesmo relatório.

Veja no quadrinho abaixo: 



Ao fim e ao cabo, porém, só na BR 316 e na Augusto Montenegro o BRT deverá consumir pelo menos R$ 820 milhões, fora os mais de R$ 300 milhões torrados na Almirante Barroso e os R$ 140 milhões que a Prefeitura pretende investir em um corredor de BRT de Icoaraci ao centro de Belém. 

Leia a matéria publicada, em 2015, pelo jornal O Liberal. Repare que nenhum dos BRTs previstos para Belém chega nem perto do preço do BRT de Jatene:  https://drive.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12clNGOEVJZXBfUXM/view?usp=sharing 



A impressionante turbinagem
 do BRT Metropolitano
 
O viaduto de "quatro pétalas" do Trevo das Mangabeiras (PB)


Pelo estudo da JICA de 2009, a implantação do BRT da BR 316 (mais os terminais de Ananindeua e Marituba e 8 paradas específicas), ficaria em 73,6 milhões de dólares, ou R$ 169 milhões ao câmbio da época (R$ 272 milhões em valores corrigidos).

Para justificar os R$ 530 milhões em que Jatene calcula, hoje, o BRT Metropolitano, foram acrescentadas várias obras: um viaduto de quatro pétalas, no km 6,5 da BR; “túneis” de acesso aos terminais de Ananindeua e Marituba; um Centro de Controle Operacional, 13 passarelas, para travessia de pedestres, e mais 18 estações, totalizando 26.

Veja essa publicação do NGTM, de junho de 2015, sobre o BRT Metropolitano: https://drive.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12anRLb1cxUE1IWW8/view?usp=sharing 

Leia o documento “requisitos de obras”, que integra o edital de licitação do BRT Metropolitano. Repare que a turbinagem é tão impressionante que Jatene prevê até construir mais 7 estações na Almirante Barroso, já lotada de estações de BRT. Uma delas ficará na Tavares Bastos, onde a Prefeitura também construirá uma grande estação de BRT. Além disso, outras obras serão realizadas na Almirante Barroso: https://drive.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12SUo1VmY4OGpuRzQ/view?usp=sharing 

E veja, no quadrinho abaixo, a última alteração do valor de referência da licitação, que acabou superior a R$ 532 milhões:


O problema é que, mesmo com toda essa turbinagem, a conta não fecha.

O viaduto Daniel Berg, que foi inaugurado em maio de 2010, no cruzamento das avenidas Júlio Cesar e Pedro Álvares Cabral e tem “quatro pétalas”, custou R$ 23 milhões – ou R$ 35 milhões atualizados.

Veja a matéria das ORM sobre a inauguração do complexo viário da Júlio Cesar, em 2010:

Em João Pessoa (PB), o Trevo das Mangabeiras, que inclui um viaduto de “quatro pétalas” e foi inaugurado em agosto de 2015, ficou ainda mais barato: R$ 26 milhões, ou R$ 29 milhões corrigidos.

Veja aqui: http://paraiba.pb.gov.br/ricardo-inaugura-trevo-das-mangabeiras-nesta-segunda-feira/ 

Já o centro de controle operacional de Belo Horizonte (MG), que é considerado modelo e funciona em um prédio de três andares e 3 mil metros quadrados, custou, em 2014, na maior estimativa, R$ 38 milhões – ou R$ 46 milhões corrigidos (na internet, há um valor ainda mais baixo: pouco mais de R$ 31 milhões).

Veja aqui: http://www.bhtrans.pbh.gov.br/portal/page/portal/portalpublico/Temas/Noticias/COP-110614 

Só que o centro que será “construído” por Jatene terá 1.479,90 metros quadrados e ficará – vejam só – no antigo Palácio dos Despachos (rodovia Augusto Montenegro, km 9, número 5854), onde hoje funciona o Comando Geral da Polícia Militar. Daí que essa “construção” (ou seria reforma?) não deverá consumir tanto dinheiro, pois não?

Veja parte do memorial descritivo do centro de controle operacional, que consta no edital de licitação do BRT Metropolitano. Repare nas dimensões: sala de controle para 56 funcionários e sala de imprensa para 82 pessoas. Clique no quadrinho:


No caso das 18 estações acrescentadas por Jatene, a melhor comparação é com aquelas que a Prefeitura de Belém vem construindo para o BRT da Almirante Barroso. O valor de referência da licitação, realizada no ano passado, foi de pouco mais de R$ 19,4 milhões, para 12 estações, mais a estação da Tavares Bastos e o canteiro e administração das obras.

Veja aqui: 



Se retirar daí a estação da Tavares Bastos e somar ao resultado 50% do que sobrou, chega-se a pouco mais de R$ 24,3 milhões, dinheiro mais do que suficiente para essas 18 estações. Mas vamos considerar que venham a custar R$ 30 milhões.

Já as passarelas metálicas para a travessia de pedestres não chegam, na internet, nem a R$ 3 milhões cada.

Veja a passarela da BR 230, na Região Metropolitana de João Pessoa, que custou R$ 993.033,19, em 2013 (R$ 1,3 milhão atualizado): http://paraiba.pb.gov.br/ricardo-inaugura-passarela-da-br-230-no-renascer-nesta-quarta-feira/ 

Aqui, a passarela instalada, também, em 2013, na rodovia SP 332, em Campinas, que custou R$ 1,5 milhão (R$ 1,940 milhão corrigido): http://www.portaldepaulinia.com.br/home/noticias-de-paulinia/cidade/22689-rodovia-professor-zeferino-vaz-ganha-nova-passarela.html 

E aqui as 4 passarelas instaladas, em 2013, na SP 101, que ficaram em R$ 2 milhões (R$ 2,6 milhões atualizados). Aqui: http://www.rodoviasdotiete.com.br/noticia/215/rodovias-do-tiete-constroi-seis-passarelas 

Mas ainda que custem R$ 4 milhões cada, as 13 previstas para a BR 316 (que, aliás, já possui várias passarelas) ficarão em R$ 52 milhões.

E ainda que se considere R$ 17 milhões para os “túneis” dos terminais de Ananindeua e Marituba (o que é absurdo, já que esse valor corresponde à metade de um viaduto e, além disso, esses “túneis” não passam de  passagens inferiores de acesso apenas aos terminais), ainda assim, tudo ficaria em cerca de R$ 450 milhões.

Ou seja: ainda faltariam mais de R$ 80 milhões para se chegar aos R$ 530 milhões previstos por Jatene, mesmo com essa “planilha de preços” já superfaturada, “de grátis”, pela Perereca. 

Confira:

BRT da BR 316 com 8 paradas e terminais de Ananindeua e Marituba – preços JICA/2009, atualizados (IPCA-E fevereiro): R$ 272.013.986,51

Mais 18 paradas: R$ 30 milhões

Viaduto: R$ 40 milhões

Centro de Controle Operacional: R$ 30 milhões

Passarelas: R$ 52 milhões

Túneis (passagens inferiores): R$ 17 milhões

Total: R$ 441.013.986,51



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A matéria acima, com vários acréscimos e alterações de texto, foi publicada no jornal Diário do Pará e no DOL