quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O crime maior foi o golpe, não a manutenção dos direitos políticos de Dilma.




A manutenção dos direitos políticos de Dilma Rousseff é, sim, uma afronta à Constituição.

Mas ela é apenas consequência da afronta maior, que foi o impeachment sem crime de responsabilidade. Ou seja, o golpe de Estado.

O golpe, como todo golpe, rasgou a Constituição e estilhaçou o Estado Democrático de Direito.

Neste momento, não há nenhum Poder legítimo no Brasil, já que todos participaram desse golpe.

E tudo o que veio (ou virá) a seguir é mera derivação.

Separar o “impeachment” da suspensão dos direitos políticos pode beneficiar uma leva de bandidos enrolados na Justiça?

É possível.

Mas não foi esse mesmo, desde sempre, um dos objetivos desse golpe?

Já não estamos até roucos de dizer isso?

Além de entregar as nossas riquezas ao império americano e destruir direitos trabalhistas e sociais, o que esses golpistas sempre quiseram, também, foi garantir que continuarão na vida pública.

Ou seja, garantir que, se condenados à perda de mandato, poderão se candidatar novamente, e seguir na rapinagem dos cofres públicos.

No entanto, mesmo que isso ocorra – vale salientar novamente – será mera consequência da afronta maior, do crime maior, que foi o golpe de Estado.

E mais: esse fato também pode ser lido como uma espécie de confissão de culpa daqueles senadores que votaram tanto no “impeachment”, quanto na manutenção dos direitos políticos da presidenta.

Afastaram-na ou porque se renderam a pressões partidárias, ou por conta de  interesses pessoais, ou até porque acreditaram, candidamente, que assim trariam de volta a governabilidade ao País.

Mas como sabiam que ela não cometeu crime algum, decidiram manter-lhe os direitos políticos.

“Cavalheirismo” ou até consciência pesada, como já disseram alguns? É possível, já que estamos a falar de seres humanos, e não de ETs. 

Além do que, se já haviam acabado de rasgar a Constituição, o que é que impediria de ofendê-la novamente? Nem lógica haveria em tais pudores, né não?

Aliás, pelo menos um senador que votou pelo “impeachment” já admitiu (e publicamente) que Dilma não cometeu crime de responsabilidade.

Mas que votou pelo afastamento dela, em função da "governabilidade".

Ora, onde é que está escrito, na Constituição, que “governabilidade” é razão para impeachment?

É como se um juiz, depois da sentença condenatória, dissesse ao réu: “olha, eu sei que não cometeste crime algum. Mas como boa parte dos teus vizinhos não gosta de ti, a tua condenação vai restabelecer a paz na vizinhança”.

Este, aliás, é que é outro grande escândalo, além do golpe: um juiz (como foram chamados os senadores, pelo presidente do STF) que admite ter condenado alguém sem base legal. 

É mesmo não ter qualquer respeito pela Constituição, pela Democracia, pela Lei, né não? Coisa de republiqueta de meia pataca. 

Até porque, que é essa tal de “governabilidade”, quando estamos diante de um Congresso tomado por abutres, que só negociam com quem compactue com as suas “tenebrosas transações”?

Para que ninguém pense que estou mentindo, vou deixar o link do “insuspeito” G1, com a confissão do senador Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia.

Ele chega a dizer que estudou, durante meses, com o auxílio de técnicos, servidores de carreira, do Senado, do Banco do Brasil, CEF, as tais das manobras fiscais de Dilma – e que não encontrou crime de responsabilidade.

Mas que mesmo assim votou pelo “impeachment”, por causa da “governabilidade” e da “vontade do povo”.

É ou não é um “impeachment tabajara”, como bem definiu o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa? 

Leia as declarações do senador aqui:


FUUUIIIIIIII!!!!!!

Nenhum comentário: