sábado, 24 de dezembro de 2011

Um Belo Monte de merda que a Norte Energia tem de enfiar em outro lugar.


Essa questão do descumprimento de acordo da Norte Energia com o Governo do Estado é apenas filigrana.

Ou, pior ainda, miçanguinha e espelhinho, para toldar o discernimento do distinto público.

Se a Norte Energia causa prejuízos ao Pará por comprar R$ 100 milhões ou R$ 500 milhões em maquinário fora do estado, isso é apenas uma gota d’água no oceano, em relação ao massacre que a hidrelétrica de Belo Monte representa.

Massacre das populações indígenas. Massacre da floresta amazônica. Massacre das cidades atingidas por esse projeto criminoso.

Em Altamira ou Vitória do Xingu de há muito já se vivencia o horror decorrente da chegada de milhares e milhares de migrantes sem que exista dinheiro para atender às demandas por eles geradas.

E a verdade é que as “mentes brilhantes” de Brasília não estão nem aí para as violências cometidas por esses projetos megalomaníacos contra a nossa gente. Para as “mentes brilhantes” de Brasília, a Amazônia e o Pará só existem como “exotismo” ou como armazém de onde tudo se retira a qualquer tempo.

Belo Monte é um crime hediondo. 

Um crime hediondo contra o meio ambiente, os direitos humanos, os cofres públicos e a própria Democracia.

E mesmo que a Norte Energia comprasse R$ 100 milhões, R$ 1 bilhão, R$ 3 bilhões em maquinários no Pará, ainda assim esse projeto continuaria a ser uma patifaria - e um tapa na cara de todos nós que acreditamos que crimes assim não poderiam se repetir em pleno Século XXI.

Esse Belo Monte de roubalheiras, Belo Monte de ratazanas, Belo Monte de violências tem é de ser cessado – e não simplesmente “embaraçado” por causa de uma merreca de R$ 100 milhões.

Merreca, sim!

Merreca diante do desrespeito e de todas as atrocidades cometidas contra o Pará e os paraenses por esse Belo Monte de mafiosos.

Há poucos dias os jornais locais estamparam a miséria, o sofrimento de milhões de pessoas na capital deste estado, que é, certamente, a pior capital brasileira em termos de qualidade de vida. 

Temos metade da população da Região Metropolitana a viver em favelas – gente de carne e osso condenada a viver que nem bicho, que nem urubu.

E é esse, talvez, o melhor retrato deste nosso tão amado e sofrido Pará: estamos todos condenados a viver atolados na lama.

Na lama da corrupção e da falta de Cidadania. Na lama do desrespeito cotidiano a direitos básicos, garantidos pela Constituição desse país tão distante chamado Brasil.

E é isso o que mais dói: dia sim, dia não o Brasil inteiro toma conhecimento das violências e das patifarias impressionantes que acontecem no estado do Pará.

Nada aqui funciona. É como se os cidadãos estivéssemos sitiados por verdadeiras hordas, que se digladiam em torno do butim.

O governante de plantão – e isso serve para todos os partidos – só quer saber é de se locupletar e aos seus  parentes, aderentes e correligionários, à custa do erário.

O Poder Judiciário cai aos pedaços, de tão podre e atravancado. E, não raras vezes, só quem obtém sentenças favoráveis são os “eupátridas”, ou aqueles que têm condições de molhar o pé da planta.

No Legislativo, também com raras e honrosas exceções, as nossas “excelências”, de cima a baixo, da vereança ao Senado, só estão preocupadas é em mamar nas generosas tetas do Estado.

Nas nossas cortes de contas, o que há é um nepotismo desabrido, vergonhoso, prostituição às escâncaras.

A nossa imprensa vive do “é dando que se recebe”. E aqueles que não se curvam diante desse lodaçal são perseguidos, censurados, espancados, ameaçados de  prisão e de morte - e não têm simplesmente a quem recorrer.

E o nosso Ministério Público, com tão poucos promotores e tão parcas condições de trabalho, mais parece aqueles 300 de Esparta diante dessa muralha de podridão. Os nossos promotores não têm mãos a medir. E sabem que, na maioria esmagadora das vezes, trabalham em vão...

Tudo isso é do conhecimento desse distante país chamado Brasil, que, no entanto, permanece de costas para nós.

E quando de nós se lembra, é apenas para ajudar a nos violentar ainda mais, com projetos nazistas, como esse Belo Monte de crimes contra a humanidade.

Durante anos, o linhão de Tucuruí passou em cima de povoações inteiras, que viviam às escuras, enquanto a energia produzida no Pará, à custa do sangue e das lágrimas dos paraenses, ia abastecer as indústrias do Sudeste e as grandes mineradoras que só pagam impostos é a esse distante país chamado Brasil.

Durante décadas temos assistido à chegada de levas e levas de migrantes, todos atraídos pelas decantadas riquezas deste “oásis” que seria o Pará.

E, no entanto, só o que temos visto crescer nestes anos todos são os lucros da Vale – além da impressionante miséria a que nós e os nossos irmãos migrantes somos submetidos.

O Pará é riquíssimo, é verdade. Mas toda essa riqueza só tem servido para encher o bolso da Vale, dos executivos da Vale, das empresas que comercializam com a Vale, das indústrias do Sudeste desse distante país chamado Brasil, e, também, o bolso dessas quadrilhas que dominam o estado do Pará.

A nós, povo do Pará, tem restado apenas a lama, essa vida de bicho, de caranguejo, sem escola, sem saúde, sem saneamento, sem segurança, sem Democracia, sem rigorosamente nada que lembre a República ou o Estado de Direito.

A nós tem restado, cada vez mais, apenas a rabeira da rabeira do Brasil.

E, apesar de tanta miséria, de tantas violências contra os direitos humanos que temos tido de suportar, ainda querem nos enfiar goela abaixo esse Belo Monte de nazismo.

E fica aí o nosso governador - que ainda passará à história como “Simão, o Mendigo” - a implorar ora 30 mil casas, ora R$ 800 milhões da Vale, ora R$ 100 milhões da Norte Energia, como se isso representasse alguma coisa diante da pilhagem desses bucaneiros.

Em verdade, o que precisamos é de uma grande “macumbaria” para incorporar o espírito do Papudinho.

Hélio Gueiros podia ter todos os defeitos do mundo. Mas, ao contrário do bovídeo Simão Jatene, certamente saberia mandar a Norte Energia ir enfiar esse Belo Monte de merda em outro lugar.

FUUUUUUUIIIIIIIIII!!!!!!!! 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Um Feliz Natal pra todos vocês, queridinhos!

A todos vocês que me acompanham nestes anos todos, o que posso dizer?
 
Em primeiro lugar, muito obrigada pela atenção, pelo carinho, pela confiança. 

Mas, sobretudo, obrigada pela esperança, porque é a vontade de saber que cada um de vocês demonstra, e, por vezes, até a indignação de vocês, que me faz ter a certeza de que essa jornada não será em vão.

Posso dizer que, graças a vocês, nunca estive tão fumada de dinheiro, mas, também, nunca fui tão feliz em toda a minha vida.

Nunca me senti tão plena como agora, a fazer um trabalho extremamente prazeroso, que é cavar a informação e servi-la fumegante a cada um de vocês.

A um jornalista, fazer esse tipo de trabalho e ainda assim conseguir sobreviver, especialmente num estado como o Pará, é coisa que muitos diriam impossível, uma utopia, um sonho distante.

Mas, quem sabe, não será esse o futuro da informação: sem amarras e compromissada, em primeiro lugar, com o distinto público.

Quem sabe, o futuro da informação não seja este: uma construção coletiva por uma infinidade de mãos, por uma infinidade de opiniões, que não apenas constroem a notícia, mas tratam, também, de disseminá-la.

Este blog é extremamente grato a todos os leitores por todas as informações que chegam diariamente, por email, telefone ou até pessoalmente. 

É este trabalho coletivo, apoiado nas redes sociais, que está por trás da esmagadora maioria das reportagens exclusivas deste blog.

Por isso, muito, muito obrigada a todos vocês, queridinhos!

E um Natal fantástico a cada um de vocês. Um Natal repleto de amor.

Pra vocês! Pra todos nós! Tão distantes... E, no entanto, muito mais próximos do que costumamos imaginar!...


Blog agradece mensagens de Feliz Natal


A Perereca agradece os votos de Feliz Natal do blogueiro Diógenes Brandão, do jornalista Antonio José Soares, do prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, dos deputados Airton Faleiro, Zé Geraldo, Parsifal Pontes e Wandenkolk Gonçalves (via telefone), dos Verdes, via Zé Carlos Lima (não consegui salvar o cartão), da Sagri de Hildegardo Nunes, da Canto Advocacia, da Quinta dos Bicos, em Portugal, no maravilhoso Algarve; e do aguerrido Sindifisco, que tem ajudado bastante, através de anúncio publicitário, na sustentação financeira deste blog.

Também desejo a vocês e às famílias de vocês um Natal fantástico e um 2012 repleto de realizações, especialmente políticas, a todos nós.

Abaixo, os cartões enviados à Perereca:









Neste NATAL, mate dois coelhos com uma só cajadada: sambe adoidado e faça uma criança feliz



Neste domingo, 25, tem roda de samba solidária na Cervejaria Boêmio, na Doca de Souza Franco.

A festança começa às 16 horas e já está confirmada a importantíssima presença da Cerveja Litrão, a  cinco “royal”, enquanto durar o estoque.

Também vai bater ponto na Boêmio um time da melhor qualidade: Artur Espíndola, Bruno Cadência, Carlinhos Sabiá, Creuza Gomes, Cris da Fé, Junior Bambo, Lorena Moraes, Luciano Cachorrão, Meio Dia da Imperatriz, Grupo Nosso Tom, Pedrão Frade, Regina Ramos, Théo Pérola Negra, Tonny Melodia, Yasmhin Friaça e Yuri Guedelha, entre outros.

Ingressos a R$ 5,00, mais um brinquedo, para mulheres, e R$ R$ 10,00, mais um brinquedo, para homens.

Os brinquedos arrecadados serão distribuídos, no dia 26, a crianças carentes do Telégrafo e de outros bairros de Belém.

Maiores informações pelo fone 8246-4444.

A Perereca agradece o convite da nossa rainha do samba, Lourdinha Bezerra. Se der, dou uma passada por lá. 

No país das gambiarras, até CNJ funciona em caráter precário e magistrados vêem cifre em cabeça de cavalo.

A questão central desse qüiproquó entre o CNJ e o STF é que o Brasil é o país da gambiarra.

Ora, se existe uma PEC para garantir poder de investigação ao CNJ é porque tal poder inexiste na Constituição – ou, como não está claramente definido, é passível de “n” contestações.

Então, o que é preciso é proceder a essa alteração constitucional, que já vem tarde, aliás, já que, ao longo de todo esse tempo, o CNJ vem agindo como se detivesse tal poder.

E é preciso normatizar esse poder até para que seus limites estejam bem definidos, porque nenhum organismo, por melhores que sejam suas intenções e por maior que seja a sua importância para a luta pela Democracia, pode ser plenipotenciário. No mínimo, isso seria um paradoxo.

A PEC que disciplina a atuação do CNJ é mais importante do que qualquer Lei da Ficha Limpa e até mesmo do que a reforma política.

E é com essa prioridade que deveria ter sido tratada, desde o começo, pelas Vossas Excelências do Parlamento e pela sociedade em geral.

Como já disse aqui, se o Judiciário brasileiro funcionasse a contento, provavelmente nem precisaríamos de uma lei como a Ficha Limpa.

De igual forma, as práticas criminosas que hoje enlameiam a política brasileira seriam infinitamente menores, porque o sujeito saberia que, ao cometer um crime, acordaria amanhã a ver o sol nascer quadrado.

A raiz de tudo isso é, sim, a certeza de impunidade. E como negar a enorme responsabilidade do Poder Judiciário em tudo isso?

Não que seja o único culpado: há a legislação brasileira, que precisa ser aperfeiçoada para acabar com a infinidade de recursos protelatórios; há a desumana carga de trabalho dos magistrados, quer porque tudo no Brasil se resolve na Justiça, quer porque precisaríamos ter o triplo de juízes que temos hoje.

Quer dizer: mesmo que retirássemos todas as “maçãs podres” desse cesto, é possível que, ainda assim, o Judiciário permanecesse atravancado.

E é isso que muitos dos ilustres meritíssimos não parecem entender: o controle social sobre o Judiciário não visa apenas a apartar as “maçãs podres”, que depõem contra uma categoria tão extraordinária.

Mais importante é que esse controle social ajuda a identificar e a solucionar problemas, que hoje infernizam a vida dos cidadãos, incluindo os próprios meritíssimos.

O controle social significa mais gente com boas idéias e se mobilizando para ajudar a desatravancar a Justiça. Significa a solidariedade, em vez de estranhamento, dos cidadãos em relação ao Poder Judiciário.

Essa extraordinária categoria é importante demais e tem problemas demais para imaginar que pode solucioná-los sozinha.

Muito além das “maçãs podres”, que existem em todas as categorias, e do corporativismo exacerbado, que também existe em boa parte das profissões deste infeliz Brasil, há a enorme tentação de sentir-se acima dos demais cidadãos, e até de usar o Estado em benefício próprio, quer pelo saber acumulado, quer pela própria pompa e circunstância da nobre função judicante.

Quer dizer: há a própria auto-imagem dos ilustres meritíssimos, que precisam, em primeiro lugar, se compreender como cidadãos iguaizinhos aos demais.

Exercem, é verdade, uma função magnífica – mas que lhes foi delegada pelos demais cidadãos, que também possuem todo o direito de apartá-los de tal função a qualquer tempo.

Ou seja, a Magistratura é apenas uma concessão social. Vital, estratégica para a sociedade democrática, é verdade. Mas apenas e tão somente uma concessão, que não se incorpora à alma, ao caráter ou a patrimônio de quem quer que seja.

E quanto mais os ilustres meritíssimos se fecham em si mesmos, a transformar o Judiciário numa coisa à parte, numa “caixa preta”, numa fortaleza impenetrável à sociedade, mais fragilizados se tornam, justamente porque dessa forma não conseguem contar com a solidariedade dos demais cidadãos.

Até mesmo melhores salários e condições de trabalho aos magistrados passam a ser vistos como despautério – quando não há nada de despautério nisso.

É verdade que, num país em que o salário mínimo não chega nem a R$ 550,00, pagar a um magistrado, 30, 40 ou até 50 vezes isso, representa um esforço enorme dos contribuintes – e até um abismo complicadíssimo de se explicar.

Mas também é preciso admitir que a remuneração dos meritíssimos ainda é pequena, quando se levam em conta o esforço, o preparo e a responsabilidade exigida desses cidadãos, além das restrições comportamentais que lhes são impostas, até para “comprar o leite das crianças”, e a importância do papel que desempenham.

Hoje, um magistrado que pretenda manter minimamente céleres os processos sob a sua responsabilidade terá de trabalhar dia e noite, feito um condenado, em prejuízo de sua vida social e, quem sabe, até familiar.

No ano passado, a carga de trabalho na Justiça Estadual, em primeiro grau, em todo o Brasil, era de 5.897 por magistrado, entre processos em fase de conhecimento e de execução.

E até o espaço para tanto papel já estava pra lá de apertado: em média, na Justiça Estadual, a área usada para o arquivamento de processos já correspondia a 114,9% do espaço disponível, chegando a até 964,2% no Distrito Federal.

Em toda a Justiça Estadual havia, no ano passado, apenas 8 cargos de magistrado por 100 mil habitantes (no Pará, apenas 4,7 cargos por 100 mil, o menor quantitativo do Brasil).

E o custo financeiro do Judiciário, ao contrário do que se costuma imaginar, não era significativo: no caso da Justiça Estadual, ele correspondia, em média, a apenas 5% da despesa das unidades federativas.

O custo para cada cidadão com a Justiça Estadual era de apenas R$ 123,57 – uns 20 PFs... No Pará, ainda menor, ficava em apenas R$ 68,06 por cidadão – ou uns seis litros de açaí.

E o que é que demonstram tais números?

Que temos uma pilha de processos judiciais tão monstruosa que já não há nem onde guardar; que temos magistrados submetidos a uma carga de trabalho absolutamente insuportável; e que temos uma despesa total com a Justiça que poderíamos até duplicar, sem que isso pesasse tanto assim no nosso bolso.

Ou seja, que precisamos de uma intervenção braba no Judiciário, no sentido de reduzir essa quantidade de processos e aumentar o número de magistrados, além de lhes garantir, sim, melhores salários e condições de trabalho.

E de quem são esses números?

Por uma dessas ironias da História, tais números são do Conselho Nacional de Justiça, o nosso (por enquanto) combalido CNJ.

Sinal de que, em se tratando de CNJ, o que existe hoje é que muito magistrado anda vendo é chifre em cabeça de cavalo.

FUUUUUUIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!

......

A Perereca está finalizando duas matérias e volta já, até para poder desejar a todos um Feliz Natal.