terça-feira, 4 de maio de 2010

Aonde nos levará esse pragmatismo?

"Bia disse...



Boa noite, cara Ana:


lendo a entrevista e as informações da fonte, fico aqui imaginando quem é Tereza.


Tereza confiava na simpatia e nos afagos da Governadora, mas ignorava que ela pertence à corrente política que domina o Governo? Ai, ingênua Tereza!


Tereza, tão ingênua, a ponto de crer - ou de querer nos fazer crer - que ser trabalho pautou-se pela ética e pela transparência, mas acreditava que o Portal da Transparência saíra do ar por problemas técnicos?


Tereza muito confusa, perplexa até, entre a bondade (?) da Governadora e a "maldade" de dois?


Ai,Tereza!


Um abraço.


12:50 AM"



É sempre um prazer conversar com os comentaristas deste blog, embora (eu sei, eu sei...) não o faça com a freqüência que deveria.


Mas resolvi colocar o comentário da Bia na berlinda porque ela toca numa questão que, desde a tarde de domingo, quando conversei com a Tereza, estou aqui a matutar.


Também fiquei pensativa, diante das declarações dela e da fonte.


Deu meio que um nó na garganta, sabem?


Não, não penso que Tereza seja ingênua: é inteligente, astuta e com longos anos de estrada na CGU.


Penso que o que há aqui é aquela velha história do técnico e do político: a dificuldade dos integrantes dessas duas áreas de conviverem e se compreenderem.


E penso que há, também, enorme dificuldade de tucanos e petistas (ou de petistas e tucanos, como vocês preferirem) internalizarem a importância do controle interno para a boa gestão da coisa pública, de modo a que não sejam tentados a rifá-lo, mesmo na premência da disputa política.


Tal não deixa de ser um paradoxo, já que tucanos e petistas, ou petistas e tucanos (e quem não gostar do que vou dizer, que gostasse) foram os companheiros que mais lutaram, nestes 20 anos, por essa transparência e esse controle da gestão pública.


Tucanos e petistas, ou petistas e tucanos, como que revolucionaram o comando do Estado brasileiro: tiraram-no das mãos de uns poucos, para distribuí-lo pelas mãos de muitos.


E no entanto, ainda se enrolam em coisas tão simples como o controle da máquina pública e a separação entre o público e o privado.


E talvez que nem possa ser diferente, né mermo?


Afinal, PT e PSDB não são feitos por alienígenas ou por cidadãos do futuro.


Ambos são parte de uma sociedade que se debate entre esses mesmíssimos vícios seculares e a necessidade de construir um mundo mais justo, mais transparente, mais democrático.


Julgar, portanto, que os partidos, por mais avançados e democráticos que sejam, estão imunes à cultura social, é como que imaginá-los num apartado, distante desse organismo ao qual, efetivamente, pertencem.


Mas não deixa de haver um “quê” de melancolia em cada vez que os agentes políticos somos confrontados com esse pragmatismo, essa couraça que temos de desenvolver, até por uma questão de sobrevivência.


Em 2006 ou 2007, não me recordo bem, tive uma conversa muito engraçada com a Tereza Cordovil e com a Joyce, a adjunta dela.


Estávamos a falar, se não me falha a memória, de irregularidades em determinada obra e das dificuldades em corrigi-las, sem que isso implicasse a interrupção dessas construções, que eram extremamente importantes para a sociedade.


E lá pelas tantas eu soltei alguma coisa mais ou menos assim: “Pois é. A gente, que tenta ser o mais honesto possível...”


E aí me dei conta de que não estava a falar com políticos, ou com militantes políticos ou mesmo com jornalistas tarimbados em política.


E aí abaixei a cabeça, fiz que consultava alguma anotação, e fiquei a observar de esguelha a expressão das duas, que estavam, a bem dizer, estupefatas com a minha afirmação...


(Não, não riam: não resolvi “abrir meu coração”...)


Penso que todos nós que já trabalhamos na máquina pública (e em campanhas políticas) já vimos coisas que não imaginamos nem nos nossos piores pesadelos.


E penso que todos nós, alguma vez, já fizemos coisas que não são exatamente histórias que possamos contar, orgulhosamente, aos nossos netos...


Até porque máquinas públicas e campanhas políticas não são, exatamente, convescotes de querubins.


Mesmo assim, não desistimos nem das máquinas, nem das campanhas e de tentar, por meio delas, construir uma sociedade melhor.


Mas para isso é preciso impor limites, cada vez mais apertados, para a ação política, além de garantir a transparência da gestão pública, de modo a atrair o conjunto da sociedade a essa empreitada.


Daí a melancolia que sinto cada vez que vejo um grande técnico ser “cuspido” do jogo, justamente por defender isto: limites e transparência.


Do jeito que pode, do jeito que, enfim, lhe permitem as circunstâncias.


Fico pensando que nós, que nos imaginamos tão “catitas”, tão “safos”, não lhes conseguimos ensinar nem os passos básicos desse sapateado.


E fico pensando, também, se seria de fato desejável que assim fosse.


Afinal, quem sabe, certos não estarão eles.


E a gente é que tenha, afinal, de deixar de condescender tanto.


FUUUUUUIIIIIIII!!!!!



Para a Tereza, com muito carinho.


 

7 comentários:

Bia disse...

Bom dia, cara Ana:

agradeço a sua atenção e, se no meu comentário havia ironia, manifestava a minha perplexidade pela errática posição da auditora. Com algumas dúvidas por aparentes ingenuidades que a trajetória profissional dela não balizavam.

Não, não somos anjos e, desculpe a expressão chula, ninguém reza missas em puteiros.

Creio que vc, pelo que conta, é da minha geração, ainda que não seja da minha idade. Antigamente as gerações eram mais longas..rsrsrs.. não pulavam rapidamente ao som das musiquinhas da Xuxa.

Na nossa geração,achávamos que uma cunha na patifaria poderia fazer a patifaria desabar. Acho que acertamos no varejo e erramos no atacado, mas, já foi. Eu, porém, continuei acreditando que a cunha pode ser a forma como eu posso - ou não - sustentar meus hoje dois ou três princípios inabaláveis. Se isso não ocorrer, sei fazer pastel pra vender.

No exercício da minha tarefa de coordenar um programa no governo passado, a coisa foi simples. Confiava na confiança dos governadores e confiava na minha capacidade de discernir o certo e o errado na função pública. Assim, o orçamento do programa não era segredo de estado. Era obrigatoriamente exposto aos beneficiários. Se no restante do governo isso era ou não realizado, não era da minha governabilidade.

Por isso estranho a Tereza. Pareceu duvidar, por muito tempo, meses talvez, da confiança que merecia e que seu trabalho era realmente respeitado.

É isso, Ana. Ainda sem julgamentos, eram dúvidas, como parecem ser as suas.

Abração.

Anônimo disse...

A Bia é nada mais nada menos que a Adelina Braglia, ex-vice-prefeita de Marabá, ex-diretora do grupo Raizes nos governos tucanos e gente da confiança de Almir Gabriel e Simão Jatene. Portanto, uma fonte comprometida para parecer isenta. A outra fonte que você resguarda tanto também tem nome e sobrenome: Charles Alcântara, ex-chefe da Casa Civil do governo Ana Júlia e que hoje integra a turma do caergarejo de Jader Barbalho. Foi ele que orientou a Tereza Cordovil a entregar documentos sigilosos do governo do estado à Assembléia Legislativa, ou melhor, à Simone Morgado. Aliás você não achou estranho que os documentos não tenham sido entregues no protocolo da da AL? Por que foram entregues na Comissão de Finanças? E depois a presidente da comissão solicita de volta os documentos da Presidência? O ressentido Charles Alcântara, o mesmo que nomeou boa parte da sua família e da família da mulher dele no início do governo é também uma fonte isenta?

Ana Célia Pinheiro disse...

Anônimo das 10:36:

Sinceramente que não vejo problema algum no fato de a Bia ser a Adelina e ter trabalhado em governos tucanos e até ser do PSDB.

Não vi nada de ofensivo nos comentários dela – vi, sim, muitas dúvidas.

E penso que essa é uma postura saudável: afinal, só duvidam aqueles que têm consciência das próprias limitações, em geral, impostas pela própria condição humana.

Também não gosto de desqualificar alguém simplesmente por suas opções políticas. Afinal, democracia ou é para todos ou não é para ninguém.

Além disso, conheço vários petistas que também trabalharam nos governos tucanos, especialmente no do Jatene, sem que isso os tenha deixado menos “cândidos”, digamos assim...

Cada qual com a sua opção política; cada qual com a sua viagem, anônimo.

Até porque, como sempre disse aqui, ninguém vai conseguir me convencer da existência de “diferenças abissais” entre tucanos e petistas.

Queremos o mesmo; divergimos é quanto aos caminhos. E mesmo tais divergências, bem vistas as coisas, não são tão grandes assim.

Quanto ao Charles, um sujeito pra lá de bacana e competente, penso que os companheiros petistas têm é de tomar cuidado para não acabar por transformá-lo no “Bola de Neve”, se bem me recordo, aquele que era o culpado de tudo no “A Revolução dos Bichos”.

Charles, ao que parece, vai se transformando em obsessão e isso, se você pensar bem, é pra lá de ridículo.

Charles não é “um gênio maligno conspirador”: é, apenas, um cidadão que tem críticas e exerce o direito inalienável de expressá-las.

Além disso, é um petista daqueles em que até a alma, se duvidar, é vermelha – e apesar de ser tucana, tenho por ele o mais profundo respeito e admiração.

Acho que é isso, anônimo, que a gente precisa aprender a ter em relação uns aos outros: respeito, tolerância.

Admiro o Charles, admiro a Bia, admiro o Parsifal.

E no entanto, na maior parte do tempo, divirjo de todos.

Mas, sinceramente, não consigo enxergar um mundo sem eles.

E até sem você, anônimo, apesar dessas suas “certezas tão certas” e dessa sua intolerância.

Abs e volte sempre,

Ana Célia

Anônimo disse...

Não sejamos tão ingênuos assim. Está na cara que esta manobra é para desviar atenção de "algo" que nós, pobres mortais cidadãos, não podemos saber. Eu me preocuparia é com as caixas QUE NÃO FORAM ENTREGUES. E tem mais , tem dedo do PMDB aí, talvez faça parte do acordo com o PT. Acho que assim fica menos "contos de fadas".

Ass.: Papai Noel.

Anônimo disse...

Ana esse anônimo identifica os outros, um cagueta do maior tamanho, mas não se identifica. Eu fico mesmo no anonimato, mas não cagueto ninguém, de dizer que fulana está comprometida e etc e etc, ele - o cagueta, opsss, o anônimo - é o rei da verdade, sabe tudo, quem é quem, quem pode falar, quem é comprometido, etc etc
que saco! Foi vc foi muito boazinha com esse chato sabe-tudo! (da vida alheia, é claro)
Por falar nisso, vc é tucana né? Então tá comprometida!! he he he he

OBSERVADOR disse...

Não importa se a Dra. Teresa Cordovil foi pedir conselhos ao Charles Alcântara ou a qualquer outra pessoa isenta ou não pois é preciso que não esqueçamos que a Deputada Simone Morgado já havia ingressado com representação junto ao Ministério Público para que essa documentação fosse entregue pela AGE, portanto, mais cedo ou mais tarde a Dra. Teresa Cordovil, querendo ou não, teria que entregar "as caixas" em razão de uma determinação judicial e se ela se recusasse, poderia ter sua prisão decretada por descumprimento de ordem judicial. O MPE poderia também solicitar ao juizo uma busca e apreensão e, assim, essas "caixas" seriam apreendidas por ordem judicial nas dependências da AGE e iriam parar na ALEPA (nas mãos da Deputada SIMONE MORGADO). Por isso que acredito não importar quem deu o conselho para a Dra. Teresa Cordovil entregar as "caixas", porque ela não tinha outra saída, era entregar agora, sem grito, ou entregar após ser compelida judicialmente a fazê-lo.
Não podemos esquecer também que a Dra. Teresa Cordovil poderia ter sua responsabilidade apurada, caso se omitisse em adotar as medidas legais em relação às possíveis irregularidades detectadas nas auditorias e que chegaram ao conhecimento dela, afinal, a Constituição (Federal e Estadual), estabelecem que os responsáveis pelos controles internos são solidariamente responsáveis e a AGE é o ÓRGÃO CENTRAL de Controle Interno do Estado e era chefiado, até então, pela Dra. Teresa Cordovil.
Vamos guardar nosso folego para comentarmos quando tivermos conhecimento do inteiro teor das "caixas" (se é que vamos conseguir ter acesso).
Um abraço

Bia disse...

Boa noite, Ana:

agradeço sua gentileza e cordialidade ao informar ao anônimo que este é um blog de opinião, Sua e de todos os comentaristas.

A "alcunha" Bia foi roubada à minha neta, há 5 anos, quando abri um blog. E assim ficou, até a morte do Juca que honrava meu apelido, no Quinta. Após a morte dele retirei o Bia do meu blog e lá assino com nome e sobrenome o que escrevo, mas a Bia que palpita nos blogs vizinhos acabou ficando.

Para completar a minha biografia, correta, feita pelo anônimo, acrescento que fui técnica do Dieee em São Paulo e depois aqui no Pará na implantação da PED. Antes de ser vice-prefeita de Marabá, fui também vereadora e antes disso, Diretora do Campus Avançado de Marabá, que à época foi da USP. Antes de voltar ao Pará, fui da Fundação SEADE de 1992até dezembro do ano passado, e em meio a este período fui cedida para o Governo do Pará, de junho de 1996 até dezembro de 2006, quando pedi minha exoneração.

Aguardo agora a minha aposentadoria pelo INSS - deve sair no mês que vem - e enquanto isso assessoro o Deputado Arnaldo Jordy, na Assembléia.

Esta experiência ´profissional, prevalentemente no setor público, ainda que uma experiência enriquecedora - não, não é da conta bancária - foi sempre recheada de sinceras dúvidas e 'meia dúzia de três ou quatro" convicções.

Mais uma vez obrigada e um

Abração.