sábado, 29 de agosto de 2009

Ana Júlia, logo mais, no Jogo Aberto





A governadora Ana Júlia Carepa fala à Rádio Tabajara FM 106.1, neste sábado, de 2 às 4 da tarde, durante o programa "Jogo Aberto", produzido e apresentado pelo jornalista Carlos Mendes e com participação do também jornalista Francisco Sidou.



O assunto é a eleição de 2010. Com exclusividade, Ana Júlia diz como andam as articulações visando reelegê-la e quem subirá em seu palanque. Ela também aborda a disputa de duas cadeiras no Senado e faz críticas aos três senadores que hoje representam o Pará.



O programa também vai falar do fenômeno bullyng - crianças ameaçadas, espancadas e que vivem em constante estado de terror nas mãos de colegas dentro das escolas- e pedofilia, com o senador Magno Malta.



E a campanha do programa continua: cadê o prefeito Duciomar Costa? Por onde anda? O que faz? Por Belém, já se sabe, nada ele anda fazendo.



O "Jogo Aberto" pode ser ouvido, além do rádio e do celular, pela Internet, no endereço www.radiotabajara.com.br

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Na Carreira




Tenho pensado muito em ir-me embora daqui, do Pará.


Na minha cabeça vai se afirmando a certeza de que já não há nada para mim, aqui.


Não há jornais, não há jornalismo.


E eu, quase a emplacar 50 anos, meio século!, não sei fazer nada além disso.


Fico pensando que, se tivesse insistido um pouquinho mais, teria entrado em um dos maiores jornais do Brasil. E até mesmo em um grande jornal do exterior.


Em ambos os casos, passei na peneira da seleção de texto.


Chumbei, no primeiro, por falta de conhecimentos profundos de economia; no segundo, pelo meu paupérrimo inglês.


Mas sei que chumbei, principalmente, por não insistir. Afinal, simplesmente, deixei pra lá...


Porque a verdade é que nunca consegui imaginar a minha vida longe de Belém.


Todas as cidades sempre me pareceram menores; espécie de dejá vu.


Nenhuma com o gosto de um açaí com pirarucu; nenhuma com o cheiro de um tucupi a me fazer quase que levitar em busca de.


Nenhuma com o cheiro de uma maniçoba a transcender a cozinha, a sala, a casa, as ruas.


Nenhuma com as mangas que encantaram a minha infância.

Nenhuma com o cheiro da chuva que aprendi a reconhecer a quilômetros.


Nenhuma com esta beleza infinita da nossa Belém.


Hoje, porém, nem essa beleza me enfeitiça.


Madura profissionalmente, penso que, talvez, tenha chegado a hora de partir. E partir definitivamente.


Penso em São Paulo; mais provavelmente, em Brasília.


Tenho lido o jornalismo que se faz lá fora e sei que posso fazer um pouquinho melhor, especialmente, na área política.


Aqui, já não há nada pra mim.


Poderia voltar à assessoria de imprensa, que sei fazer, modéstia à parte, muitíssimo bem.


Mas essa fase é alguma coisa que deixei pra trás; é um conhecimento interessante, mas, não é o que quero fazer.


Sempre tive com o jornalismo uma relação de amor e ódio.


E, bem vistas as coisas, com quase tudo na vida.


Mas, com quase meio século no costado, tenho de admitir que não vou conseguir fazer mais nada na vida.


Não que não possa: poderia vender comida, ser escritora, consultora de sei lá o quê.


Mas, duvido muito que encontrasse alguma coisa que me desse tanto prazer na vida quanto uma bela reportagem investigativa.


Ou uma bela reportagem, simplesmente.


O que ainda me prende é o blog do Vic.


Estou nervosa, ansiosa.


E, feito menina, vou experimentando todos os vestidos, para a hora em que entrará no ar.


Sempre tenho medo, a cada reportagem, a cada postagem.


Simplesmente, porque nunca consegui aceitar menos que o melhor.


Padeço de uma insegurança braba.


A desvantagem? Sou mais lenta que a maioria.


A vantagem? Difícil contestar o que escrevo.


Leio e releio cada reportagem, para encontrar alguma brecha.

Sofro, que nem sovaco de aleijado, até me certificar, através da publicação dos jornais e blogs, de que foi, realmente, um furo.


Daí que, talvez, entre as centenas, milhares de matérias que publiquei, haja uma ou duas passíveis de alguma contestação.


O perfeccionismo é uma praga, mas chega a ser um dom na reportagem investigativa.


A gente pega e checa duas, três, quatro vezes a mesma declaração e o mesmo documento; tem de saber se é isso mesmo, se não há, pelo caminho, alguma falsificação. Tem de olhar com desconfiança até a fonte, eis que ela tem inúmeros interesses. E tem de avaliar até a nós mesmos, para ver se não estamos sendo suficientemente “frios”; se estamos nos deixando levar por meros sentimentos.


E por que estou apostando no blog do Vic?


Porque decidi apostar na oferta de um espaço livre de comunicação.


Não sei se dará certo e estou nervosa demais, ansiosa demais para afirmar o que quer que seja.


De qualquer forma, sei que tenho de abrir mais esse caminho.


Toda a minha vida tem sido isto: abrir caminhos.


Caminhos por onde, depois, outros enveredam – e eu fico puta, e nem deveria, porque já não me é dado enveredar por tais caminhos, também.


A minha vida tem sido isto: colocar o guizo no pescoço do gato; porque ninguém se habilita; os outros têm vergonha ou medo.


Já abri mais caminhos nesta profissão do que mil diplomas. E nunca vou me conformar por não ter diploma...


O blog do Vic é, enfim, mais um caminho que estou a abrir.


Tem mais um que gostaria de ter aberto: o de uma potente estrutura de comunicação no Nordeste do Pará.


Feito isso, aos coleguinhas e à sociedade paraense, não terei mais motivo algum para continuar aqui.


Vou-me embora, cuidar da minha vida.


À procura de reconhecimento? Talvez.


Mas, certamente, à procura de jornalismo.


À procura, enfim, do meu grande amor.




FUUUUUIIIIIIIII!!!!!!!!







Um esclarecimento


Eu mesma, às vezes, tenho medo deste meu pragmatismo; da frieza com que analiso o quadro político.



Isso tem uma certa vantagem, é verdade, na medida em que nos leva a encarar a realidade “bruta”, apesar dos nossos eventuais interesses.




Mas, às vezes, pode trazer uma certa desesperança à maioria.



E é por isso que gostaria de voltar ao Sarney e a essa evisceração pública do coronelismo que estamos a fazer.





Não posso jamais afirmar o contrário do que afirmei na postagem da semana passada: que Sarney pode até cair, mas que o coronelismo, pela própria permissividade da cultura brasileira, sobreviverá.



Estaria mentindo se escrevesse algo diferente.



Porque transformações culturais não se resolvem assim, magicamente.



Dependem de lutas travadas ao longo de décadas, por vezes, séculos.



Mas, o fato de nos indignarmos com tudo isso; de, ao menos, a elite brasileira se indignar diante disso, já é um sinal alentador de toda a contracultura que conseguimos acumular, desde 1.500.



Há 200, 300 anos é muito provável que nada disso significasse coisa alguma para a maioria dos que estão nos degraus mais elevados da pirâmide social.



Um ou outro levantaria a sua voz, nas ruas, no Parlamento, mas seria olhado como um corpo estranho; seria quase que um extraterrestre.



Hoje, no entanto, o coronelismo, o feudalismo, que desde sempre dominou a política brasileira, já consegue indignar a maioria dos que estão no topo dessa pirâmide social.



É um avanço formidável, numa Nação que já nasceu a parir privilégios.



O tipo de avanço que a Europa levou milênios para alcançar.



Por isso, a lucidez que precisamos ter, no sentido de que Sarney representa apenas a prática corrente de uma cultura, não pode nos levar a imaginar que de nada adianta lutar contra isso.



Pelo contrário: temos a imensa responsabilidade de dar o nosso piteco; de colocar a nossa pedrinha, o nosso tijolinho nessa enorme construção iniciada pelos nossos tatatatatatatatatatatatataravós.




É muito improvável que vejamos “com os próprios olhos” o nosso povo a sair às ruas, indignado, contra o nepotismo.



Mas, certamente, os nossos tatatatatatatatataranetos verão algo assim.



E nós, através dos olhos deles!...



Uns olhos, talvez, até espantados diante de tão extraordinário avanço.



Como veriam os olhos de nossos tatatatatatatataravós a queda de uma ditadura ou de um Collor de Mello...



Como veriam os olhos dos nossos tatatatatatataravós a luta contra o racismo e, aquela que vai se adensando, pela preservação ambiental.



O que temos de compreender é que nada começa em nós; talvez, quem sabe, nos primeiros homens das cavernas...



Mas, cabe a cada um de nós, que conseguimos trazer essa caminhada até aqui, prossegui-la com a mesmíssima firmeza com que prosseguiriam os nossos tatatatatatatatatataravós.



Mesmo sem o conhecimento – que hoje temos! - da roda “imparável” que é a História.





Pra que a gente nunca
se esqueça de quem é!



Pra vocês, queridinhos, que andam tão desalentados com todos esses escândalos no Congresso.


Pra vocês, irmãos, companheiros, que chegam até a imaginar que nada adiantou tudo o que fizemos, eis que este país parece “estacionado” na Antiguidade...


Pra que a gente não se esqueça de todos os desertos que este país imenso ousou enfrentar.


Pra que a gente recorde, nem que seja por uns breves minutos, o quanto já avançamos – pelas próprias mãos e pelas mãos dos nossos avós - nessa jornada por um Brasil mais honesto, mais justo, mais democrático.


Pra vocês, a força da arte, das ruas, da esperança, da fé.


A força dessa nossa História, escrita com alma e sangue.


A força desse coração tão profundamente miscigenado que bate em cada brasileiro.


A força dessa nossa extraordinária Nação!...




















quarta-feira, 12 de agosto de 2009

domingo, 9 de agosto de 2009

Divagações inevitáveis


A minoria com complexo de maioria





Numa coisa Renan Calheiros tem razão: o PSDB é, de fato, uma minoria com complexo de maioria.


Nem quando está fora do poder, consegue descer do salto, para buscar, enfim, aquilo que lhe faz mais falta: o apoio da sociedade civil organizada.


O autismo de que padece o partido o impede de ver que as casas parlamentares são, apenas, uma frente de batalha.


Aquela em que se pode, é verdade, andar enfatiotado.


Mas que, ao fim e ao cabo, é infinitamente inferior à grande frente de batalha das ruas deste país.


Falta aos preparadíssimos técnicos e intelectuais tucanos a necessária humildade para ir ao encontro do povo onde o povo está.


Nas baixadas, nas periferias repletas de lama e poeira, onde inexiste o mínimo para a sobrevivência digna de um cidadão.


Falta ao PSDB até mesmo a humildade para acarinhar as poucas lideranças populares que vêm ao seu encontro.


Lideranças que penam que nem sovaco de aleijado, sempre que tentam ponderar ao partido a realidade existente para além desse autismo que o consome.


Ao contrário do PT, o PSDB nunca conseguiu inserir-se no movimento popular, nas associações comunitárias, nos sindicatos, nos clubes de mães.


Pode-se argumentar que o partido padece de um defeito genético, uma vez que galgou o poder pouco depois do nascimento.


Quer dizer: queimou etapas imprescindíveis ao amadurecimento político.


Como a ciência sabe, a genética influi, mas o meio exerce papel preponderante sobre os rumos orgânicos.


E o meio em que cresceu o PSDB, nestes 15 anos, foi o do fisiologismo, do compadrio, da corrupção, do coronelismo.


Ou seja, esse caldeirão do inferno em que se realiza, desde sempre, a política brasileira.


Um caldeirão que também tem feito um mal danado ao PT, o mais partido entre os partidos brasileiros e o único que possui, de fato, “anima” popular.


E é graças a essa “anima” que o PT vacila, titubeia e nunca consegue apoiar, em bloco, as tenebrosas transações da “massa atrasada”.


Em outras palavras, sempre haverá, no PT, liderança sindical ou comunitária a indagar: “Mas o que é que eu vou dizer em casa?”.


Falta ao PSDB esse controle social interno; o controle pelo qual tanto lutou na exterioridade que é o Estado.


O controle que também tem o poder de “levantar as ruas”, quando necessário.


Simples assim.


As lições de Sarney


O Caso Sarney nos deixa a todos, Nação, preciosas e dolorosas constatações.


A mais acachapante é que somos um corpo envelhecido com rosto de menina-moça.


A par de todos os avanços dos últimos 100 anos, somos, ainda, uma sociedade de “coronéis”; a sociedade comandada pelos herdeiros legítimos dos senhores da Casa Grande.


O pior é que a maioria do povo brasileiro sequer se dá conta dessa continuidade; sequer reconhece, sob as novas denominações, as velhas práticas escravistas.


Daí o patrimonialismo (e suas expressões, como o nepotismo) ser encarado como coisa “normal” – e não como o escândalo que efetivamente é.


Daí a persistência de práticas políticas que os jornais de países desenvolvidos têm até dificuldade de explicar a seus leitores, tão surrealistas lhes parecem.


Daí o poder – e democrático – de um partido como o PMDB.


A alma desta Nação ainda vagueia pela Senzala, enquanto suspira pela Casa Grande – e não pela Democracia.


Claro sintoma dessa mentalidade arcaica é que ainda andamos a discutir o fim da prisão especial para diplomados, que perfazem, talvez, nem dez por cento dos cidadãos.


E que essa revogação proposta não se aplique aos políticos e a outras categorias, eis que não se reconhecem – e nem nós as reconhecemos – como “cidadãos comuns”.


Claro sintoma de que ainda permanecemos a suspirar pela Casa Grande é, também, o silêncio das ruas diante da evisceração pública do coronelismo, no Senado Federal.


Tivemos, apenas, a manifestação de 50 gatos pingados convocada, em São Paulo, pelo PSOL e um punhado de mensagens no Twitter e em outros “neoquilombos” da Internet.


Mas, não conseguimos transbordar para as ruas a indignação que estamos a sentir, nós, os “quilombolas”.


A maioria segue a própria vida como se nada disso lhe dissesse respeito.


E, bem lá no fundo, até a considerar que Sarney está é certo. Ou, ao menos, não está tão errado assim.


Porque, para a maioria, é “natural” usar “benesses naturalmente conquistadas” em favor dos seus.


Como se cargo público fosse ou desse direito a “benesses”. Ou fosse “conquista” forjada por mero “valor” individual.


É o suspiro pela Casa Grande, entranhado na alma brasileira.


Uma disfunção cultural que o PMDB conhece e maneja tão bem.


Daí a sua capilaridade.


Daí a conclusão de que Sarney pode até cair, pela ação dos “neoquilombolas”.


Mas o coronelismo, certamente, sobreviverá.




O fio dental da minha xará I


Leitor me pergunta se não vou comentar esse tal projeto que a minha xará, a governadora Ana Júlia Carepa, sancionou e que obriga os restaurantes paraenses a disponibilizarem fio dental a sua clientela.


Em primeiro lugar, agradeço a fidelidade do leitor, que continua a bater ponto neste blog, apesar das minhas ausências.


Em segundo lugar, quero deixar registrado que ainda não entendi a carga que alguns estão a fazer, por conta desse projeto, contra a minha xará.


Se estivesse no lugar da Ana Júlia, também teria sancionado essa história do fio dental.


E por quê?


Porque essa é uma lei tão xexelenta que já nasce morta. E, se alguém resolver cumprir, mal não fará à população.


Daí que não vejo motivo para que a governadora compre briga com a Assembléia Legislativa, com o Joaquim Passarinho e com a bancada do PTB por causa de uma besteira dessas.


E duvido muito que qualquer governador – Almir, Jatene, Jader, Gueiros – armasse um pé- de- vento por causa disso.


Ademais, quem tem de se explicar não é governadora – é a Assembléia Legislativa e o autor de tal projeto.


Tá certo que é um direito democrático do deputado Joaquim Passarinho apresentar qualquer projeto que considere importante para a população – e, pelo visto, ele considera isso importante.


Mas, também é direito democrático nosso, eleitores, contribuintes, considerar que esse é um projeto pra lá de estapafúrdio, diante das enormes carências do estado do Pará.


Ficaria bem lá na Dinamarca ou na Suécia.


Mas, no Brasil, e especialmente em estados paupérrimos como Pará, soa como brincadeira de mau gosto.


Não creio, porém, que esse projeto me autorize a atribuir, per si, “falta de caráter” ao deputado Joaquim Passarinho.


É, antes, enorme leseira dele e “senso de oportunidade” de muitos dos deputados que o apoiaram...


Pelo visto, Joaquim Passarinho não tem sequer noção do Pará existente para além dos muros da mansão em que vive.


Tanto, que esse projeto parece até coisa de “Maria Antonieta no Tucupi” - o pau comendo, a população sem nem farelo pra botar no prato e ela a recomendar, displicentemente: “que comam brioche!”...


É o retrato da ignorância de boa parte da elite brasileira, acerca da insuportável miséria do nosso povo.


É, portanto, um projeto até emblemático, quanto ao fosso que separa as nossas elites da massa de “descamisados”.


Sujeito que propõe que se disponibilize fio dental em nossos restaurantes não é “ruim” – a não ser, é claro, que possua uma fábrica de fio dental!...


É, antes, um cidadão absolutamente desconectado da realidade, além de muitíssimo mal assessorado.


Porque a idéia é boa: fio dental é, sim, indispensável à higiene bucal.


Mas, só é realmente bacana num país em que as pessoas têm dentes. E, sobretudo, têm o que o comer.



O fio dental da minha xará II


Há outra coisa que gostaria, também, de anotar.


Essa história do “fio dental da Ana Júlia” tem, claramente, um tom sexista, muito parecido, aliás, àquela perseguição que alguns moviam contra a vida sexual dela.


Uma perseguição, como já disse aqui, até ofensiva não só à Ana Júlia, mas, a todas as mulheres – e nós, mulheres, é sempre bom lembrar a uns e outros, somos maioria no eleitorado...


Mas, é até engraçado o aspecto subliminar dessa coisa do “fio dental”.


Afinal, quem projeta Ana Júlia de fio dental a projeta seminua. “Sexy”, portanto.


Quer dizer: essa macharada mal resolvida não consegue sequer dissimular o “tesão reprimido” em relação a uma “mulher poderosa”...


(É coisa meio masoquista – aquele negócio de algemas e chicote, capitchi?...)


Mas, se estivesse no lugar da nossa governadora nem me importaria com mais esse “ato falho”...


Antes, até cantaria, que nem no Diário de Bridget Jones: “Tá chovendo homem, aleluia!”.




São Mário, o Cosanostra e a governadora


Li, não sei onde, que o PT decidiu torpedear o nosso senador-bicheiro, devido aos persistentes ataques à governadora Ana Júlia Carepa.


E o último ataque é demonstração cabal do pensamento machista, hipócrita e tortuoso desse infeliz parlamentar.


Mário Couto criticou duramente Ana Júlia por freqüentar um bar, o Cosanostra; por, como se diz, “tomar uns copos”, depois do expediente.


E a primeira coisa a se perguntar é: o que é que ele tem a ver com isso? Ele, por acaso, pagou-lhe a bebida?


Mas será que um senador da República não tem mais o que fazer?


Será que nós, contribuintes, pagamos seu altíssimo salário apenas para ficar bisbilhotando a vida alheia? Então, melhor é pagar à vizinha fofoqueira, pois não?


Além disso, é o caso de se dizer: melhor beber do que comandar jogatina...


Mas, que nem acionista da Perobal S/A, Mário Couto faz de conta que todos ignoramos quem, de fato, ele é.


E manipula um preconceito imundo contra as mulheres, que, nessa sua visão típica dos “padrinhos”, não podem nem botar a cara para fora de casa, sob pena de serem tachadas de “vagabundas”.


Nunca soube de qualquer crítica desse pitoresco senador às bebedeiras do Hélio Gueiros – que até incorporou essa interessante característica ao seu marketing pessoal... – nem ao uísque fartamente consumido pelo ex-governador Almir Gabriel.


No entanto, Ana Júlia sai para tomar uma cerveja e lá está o “santo” do Mário Couto a apontar-lhe o dedão acusador.


O mesmo Mário Couto que fez fortuna com o jogo do bicho, como toda a população de Belém sabe que fez.


Trata-se, portanto, de uma beata com passado de prostituta!...


Um “santo” que amealhou o dinheiro que possui através da exploração de milhares de pessoas pobres deste estado.


Um “santo” que fez fortuna à margem da Lei, numa atividade ligada ao crime organizado; ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro.


E é no crime organizado, além da miséria da população – dessa mesmíssima população que Mário Couto cansou de explorar – que se deve buscar a causa de milhares de mortes de crianças, adolescentes e jovens deste estado.


É na corrupção, na distribuição de cestas básicas com dinheiro público e objetivos eleitoreiros, que se perpetua essa miséria que estimula a criminalidade.


Não, não é o bar Cosanostra nem nas noitadas da governadora que devem ser buscadas as raízes dessa violência que o nosso senador-bicheiro diz, hoje, abominar.


Não fosse tão hipócrita, Mário Couto faria é um mea culpa, em vez de ficar se aproveitando, de forma politiqueira e nojenta, do cadáver de uma criança.


Porque a culpa pela morte daquele garoto - e de tantos outros milhares de garotos paraenses - é, em verdade, da “Cosanostra”.


Ou seja: de todas as máfias que o Mário Couto, certamente, conhece muitíssimo bem...



Um esclarecimento necessário



Quero deixar registrado que essa defesa da minha xará não significa um “alinhamento”.


Tento, apenas, ser justa.


Além de marcar posição contra o uso dessa politicagem machista contra a primeira governadora do Pará.


Porque acredito que a luta das mulheres por respeito, dignidade, igualdade, não pode estar subordinada aos interesses eleitorais de qualquer legenda.


Nossa luta tem milhares de anos; custou milhões de vidas.


Não pode, portanto, ser simplesmente “rifada” em nome de uma vitória tucana.


De resto, continuo a divergir do atual governo em quase tudo.


Ana Júlia, para mim, foi uma grande decepção.

Pela falta de pulso e de conhecimento da administração pública.


Penso que é saudável o alinhamento ideológico. É qualidade, e não defeito, ser leal a companheiros de uma determinada corrente de pensamento.


Mas, daí a governar apenas para um grupo, há enorme diferença.


Ana e Almir, entre os nossos mais recentes governantes, foram aqueles que chegaram ao Poder mais cercados de esperança.


Almir, até pelo perfil autoritário, conseguiu se impor.


Ana, no entanto, perdeu-se nessa fidelidade canina à Democracia Socialista – esquecendo, talvez, que a sua primeiríssima fidelidade teria de ser é ao povo do Pará.


Infelizmente, a minha xará perdeu-se na ilusão dos projetos juvenis.


Continuou a gritar “abaixo a ditadura” e “o povo unido jamais será vencido”, enquanto, nas ruas, na “vera”, a sociedade avançava por outros caminhos – para alcançar, bem lá na frente, quem sabe, até os mesmíssimos objetivos estratégicos da DS...


Mas a DS não soube fazer a crítica da sua postura. E Ana, como liderança – e apesar do Poder que lhe foi concedido pelos cidadãos – não soube conduzir a sua corrente a essa crítica necessária.


Tornou-se, antes, refém da DS e dos que, inteligentemente é verdade, souberam conquistar o comando dessa corrente.


É uma pena que seja assim.


Com um pouquinho mais de jogo de cintura, Ana poderia ser, hoje, a governadora de todos os paraenses.


Mas, optou por ser, simplesmente, a governadora da DS.


Deu no que deu.


Um novo livro na Praça


O jornalista Lúcio Flávio Pinto está com novo livro nas bancas e livrarias: "A História Censurada (O Pará dos nossos dias)".


Lúcio, como todo mundo sabe, tem sido um batalhador incansável pela liberdade de imprensa e de expressão.


Recentemente, sofreu uma condenação absurda: foi sentenciado a indenizar os Maiorana, proprietários de O Liberal, em R$ 30 mil (há um post neste blog sobre esse assunto).


Em seu novo livro, Lúcio conta as perseguições de que tem sido vítima e critica a promiscuidade entre o Judiciário paraense e os proprietários dos veículos locais de comunicação.


É leitura imperdível, portanto.


E quem quiser ajudar o Lúcio a pagar essa indenização absurda que lhe foi imposta – e que coloca em risco até a sobrevivência do seu “Jornal Pessoal”, um dos poucos espaços realmente livres da imprensa paraense – pode depositar um dinheirinho no Unibanco (banco 409), agência 0208, Conta 201.512-0, em nome de Lúcio Flávio Pinto (CPF 610.646.618-15).


É mais ou menos como naquele filme estupendo: “A Felicidade não se compra”.


Dormindo no ponto


Deve ser touca: até o momento nenhum jornalão do Sudeste se interessou pelas contas de campanha do presidente do Senado, José Sarney, e da filha dele, a governadora do Maranhão, Roseana.


Só da Caemi – Mineração e Metalurgia, empresa controlada pela Vale, Roseana recebeu R$ 1,3 milhão e Sarney outros R$ 400 mil.


E, fato curioso: a exceção dos comitês financeiros únicos do PMDB, no Amapá, e do antigo PFL (hoje DEM), no Maranhão, a Caemi encabeçou a lista do financiamento de campanha tanto de Sarney, quanto de Roseana.


Aliás, a Caemi, através de três CNPJs, doou quase R$ 15,5 milhões a 152 candidatos de vários partidos (PT, PMDB, PSDB, DEM, PV, PP, PL, PSB, PPS, PDT, PC do B e por aí vai), nas eleições de 2006.


Mas, nenhum candidato recebeu tanto da Caemi quanto Roseana e José Sarney.


Na prestação de contas de campanha de Roseana também figuram várias construtoras, entre elas a Camargo Correa, além de outras empresas.


É pegar tais contribuições e verificar se os doadores não “conquistaram” algum contrato no Maranhão ou no Amapá, através da “mão amiga” dos Sarney.


Simples assim.



CPI da Petrobras


Atenção, pessoal da CPI da Petrobras: não deixem de passar o pano na Delta Construções, empresa que está bamburrando no PAC e em obras de engenharia aqui, no estado do Pará (tem matéria sobre isso, neste blog, nos arquivos do primeiro semestre – em abril ou maio, se não me falha a memória).


A Delta, que é a campeã de verbas do PAC, adquiriu, em setembro de 2008, a empresa Sigma, que presta serviços nas áreas de engenharia, construção, montagem e manutenção no segmento de petróleo e gás.


E adivinhem só os três grandes clientes da Sigma...


Um doce para quem falou Petrobras, Transpetro e BR Distribuidora.


Fui e não FUI


Como todos vocês já devem saber, me mudei de mala e cuia para o Blog do Vic, que já estreou no Twitter e deve começar a operar, a todo vapor, no final deste mês.


Com isso, a Perereca, como já disse aqui, ficará, apenas, para as minhas bebedeiras, “produção literária”, digamos assim, comentários e para uma ou outra nota.


O grosso da minha produção – principalmente reportagens – irá para o Blog do Vic, do deputado federal Vic Pires Franco.


Espero, sinceramente, que vocês gostem desse novo espaço da internet, que pretende fazer aquilo que quase não temos mais, no Pará, mas que tanto almejamos: jornalismo.


E jornalismo investigativo de boa qualidade.


Gostaria, é claro, de ter um espaço só meu. Mas, como todos vocês estão cansados de saber, não tenho condições financeiras para isso.


Já pensei até em mudar o nome deste blog, para poder captar anúncios – afinal, vamos e convenhamos, ninguém vai querer anunciar num blog chamado “A Perereca da Vizinha”. Por motivos óbvios, pois...


Se calhar, mais adiante, até faço isto: troco o nome do blog, vou em busca de anunciantes e passo a fazer o que mais amo – jornalismo investigativo para vocês, queridinhos!...


Até lá, vou ficando com o Vic, que, até agora, não me colocou qualquer restrição a qualquer tipo de matéria.


Nesse um mês e meio em que funcionei como editora de conteúdo do seu Twitter, pude selecionar um monte de matérias, sobre os mais diversos assuntos, sem que o deputado, uma única vez que fosse, me pedisse para tirar ou não colocar alguma coisa no seu blog.


Pelo contrário: Vic até tomou a iniciativa – talvez até para evitar meu constrangimento – de colocar, ele mesmo, no Twitter, matéria do Congresso em Foco em que era citado como beneficiário da “farra” das passagens aéreas, na Câmara dos Deputados.


Gostei dessa atitude dele. É bacana, em vez de simplesmente censurar, permitir que os cidadãos tomem conhecimento das acusações, ao mesmo em que se “gasta cuspe” com a própria defesa.


Creio que é por aí que a gente pode, de fato, “fazer” Democracia.


Da mesma forma, também gostei do fato de ele ter me chamado para trabalhar, nesse novo blog.


Alguns acham que isso significou, apenas, reconhecimento à minha competência profissional.


Mas, eu, particularmente, vejo isso antes como sinal de uma poderosa tolerância democrática da parte dele.


Porque outro, no lugar do deputado Vic Pires Franco, talvez preferisse é passar com o carro por cima de mim, tendo em vista as matérias que escrevi a respeito dele – todas de conhecimento público, porque devidamente assinadas – e até devido às discussões acaloradas que travamos na blogosfera...


Não sei se essa experiência dará certo – e creio que nem ele sabe se dará...


Mas, rezo para que dê; para que possamos, enfim, concretizar um veículo de comunicação democrático e com um padrão de qualidade bem superior ao que hoje existe no estado do Pará.


Somos, é claro, pessoas muito diferentes, em todos os sentidos – e, principalmente, em termos ideológicos.


Mas, quem sabe, não será justamente essa diferença, permeada pelo respeito democrático, que nos levará, afinal, a produzir, com todo o carinho do mundo, o jornalismo que vocês, de fato, merecem.


Torço para que seja assim.


Porque, de minha parte, o que me move, neste grande cassino que é a política, não é poder, fama ou dinheiro.


É, simplesmente, a possibilidade de servir à sociedade que tantas magníficas oportunidades me deu.


É, em suma, a oportunidade extraordinária de servir a cada um de vocês!...


FUUUIIIIII!!!!!!!!