domingo, 30 de novembro de 2008

tacacá

Uma pausa para o tacacá



Há uma imagem que nunca me esqueci, daqueles tempos bicudos da ditadura militar.


E que vi apenas em fotografia (pois, que não sou tão velhinha assim, visse?)


É a imagem daquele gigante que era Ulysses Guimarães, a romper, sozinho, um verdadeiro “corredor polonês” de soldados do Exército, quando se encaminhava ao palanque de um comício.


Ele, tão franzino... Mas, imenso, enorme naquilo que representava...


Pois, que naquele momento o nosso Ulisses, muito, mas muito maior que o de Tróia, era a própria Cidadania, a própria Democracia.


A Cidadania e a Democracia que faziam com que aquele “corredor polonês”, aparentemente inexpugnável, se reduzisse à pequenez do Estado diante da Sociedade.


Nunca me esquecerei dessa imagem. Que é, também, a de Antígona.


O cidadão que não se rende, a clamar pelo Direito, diante desse monstro, dessa coisa sombria em que se transforma o Estado, quando gerido, apenas, no interesse de alguns.


Quando não respeita, democraticamente, o Direito à contestação.


Quando não é, de fato, de todos e para todos.


Por isso, vou dedicar a música abaixo aqueles que lutam por um Brasil melhor - de verdade!


Por um Brasil e um Pará com um mínimo de Decência.


Com um mínimo de Justiça Social.


Com um mínimo de Democracia.


Com um mínimo de Felicidade, para o seu José e a dona Maria.


A todos aqueles cujos cabelos já até branquearam, de tanto que já viram, de tanto que lutaram, de tanto que sonharam, de tanto que esperaram...


Com vocês, o grande “companheiro” Chico Buarque...




Vai Passar



Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais


Num tempo,
Página infeliz da nossa história,
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações


Seus filhos
Erravam cegos pelo continente,
Levavam pedras
Feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal,
Tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval,
O carnaval, o carnaval


(Vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar,
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear


Ai que vida boa, ô lerê,
Ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral
Vai passar
Ai que vida boa, ô lerê,
Ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral...
Vai passar


(Chico Buarque/ Francis Hime)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

juvêncio


Para Juvêncio Arruda



Caríssimo general Juvêncio de Arruda, El Rey das paragens da Quinta Emenda, blogueiro-mor desta belíssima Blogosfera, em que se plantando tudo dá...


Não apenas aceite a minha solidariedade: conte com o estilingue e os canhões desta Perereca, enfim desperta pelos tambores da guerra...


E aceite, também, a música abaixo, que é o retrato deste mavioso Universo: a minha e a vossa Blogosfera!



Festa



Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamo vê no que é que dá...


Hoje tem
Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamo vê no que é que dá...


Tem gente de toda cor
Tem raça de toda fé
Guitarras de rock'n roll
Batuque de candomblé
Vai lá, prá ver...


A tribo se balançar
E o chão da terra tremer
Mãe Preta de lá mandou chamar
Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...


Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...(2x)


Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando mundo inteiro
Vamo vê no que Oh! Oh!...


Hoje tem
Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamo vê no que é que dá...


Tem gente de toda cor
Tem raça de toda fé
Guitarras de rock'n roll
Batuque de candomblé
Vai lá, prá ver...


A tribo se balançar
E o chão da terra tremer
Mãe Preta de lá mandou chamar
Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...


Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...(2x)


Vem! Vem! Vem!
Na Na Na Na Na
Tá bonito, tá bonito
Tá beleza
Na Na Na Na Na
Na Na Na Na Na
Na Na Na Na Na
Simbora! Simbora! Simbora!...


Tem gente de toda cor
Tem raça de toda fé
Guitarras de rock'n roll
Batuque de candomblé
Vai lá, prá ver...


A tribo se balançar
O chão da terra tremer
Mãe Preta de lá mandou chamar
Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...


Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...(3x)


Que vai
Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...


(Anderson Cunha)

sábado, 22 de novembro de 2008

lambança2

Hangar esclarece contratos




Recebi, com pedido de publicação, nota de esclarecimento do Hangar, acerca do post que publiquei mostrando os R$ 25 milhões recebidos do Governo Estadual, pela Via Amazônia, a OS que administra aquele espaço.


Obviamente que publico o esclarecimento na íntegra.


E agradeço, sinceramente, a atenção dos que o produziram: é magnífico para a democracia o contraditório; é sempre bom, para toda a sociedade, que o debate possa ser enriquecimento por mais e mais informações e pontos de vista divergentes.


Mas, também democraticamente, mantenho cada vírgula do post que produzi.


Primeiro porque rigorosamente calcado em documentos públicos.


Segundo porque as opiniões que externei no editorial são justíssimo direito de cidadã e contribuinte.


Volto ao assunto mais tarde, para comentar a nota de esclarecimento que segue abaixo – agora, estou, realmente, muito cansada...


Mais uma vez, agradeço a atenção da direção do Hangar, em relação a este cafofo. Voltem sempre!



NOTA DE ESCLARECIMENTO


Em relação ao post publicado nesta quinta-feira, 20, o Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia esclarece que:



1- O aluguel do centro de convenções segue uma tabela de combinações, levando em consideração fatores como quantidade de espaços alugados, quantidade de dias reservados (incluindo dia para montagem e desmontagem de evento) e tipos de serviços inclusos, já que, segundo a assessoria jurídica do Hangar, o centro de convenções tem prerrogativa para atuar desde a locação do espaço até a viabilização da infra-estrutura necessária para realização do evento. Isto mostra que, mesmo trabalhando com uma tabela única, o aluguel do Hangar, portanto, varia de evento para evento dependendo da combinação de espaços, tempo de uso e serviços escolhidos pelo próprio cliente.



2- A assessoria jurídica do Hangar informa também que a Lei 9648/98 acrescentou ao artigo 24 da Lei 8666/93 disposição que permite à Administração pública a dispensa de licitação para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas nas respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. Sendo assim, por todo o exposto, a contratação do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, enquanto organização social, pode ser realizada na modalidade dispensa de licitação para toda atividade relacionada com a realização de eventos, à cultura e ao lazer.



3- O fluxo administrativo do Hangar é acompanhado constantemente por uma auditoria e pelo Tribunal de Contas do Estado, e ao final de cada ano é apresentado ao Governo do Estado do Pará um relatório com detalhada prestação de contas (a de 2007 foi tornada pública através da imprensa, e a de 2008 já está em fase de conclusão). Exatamente por trabalhar com transparência em seus atos, e por entender que uma OS precisa de autonomia financeira, o Hangar não faz diferenciação entre clientes de origem pública ou privada, trabalhando com uma tabela única de serviços.


4- Graças a isso, no início de 2008, portanto com apenas oito meses de funcionamento e com a pauta de eventos trabalhando ainda longe do ideal, o Hangar pôde solicitar a diminuição do repasse estatal previsto Contrato de Gestão que repassou à Organização Social Via Amazônia a responsabilidade pelo gerenciamento do centro de convenções paraense. Ainda assim, a capacidade de gerar recursos próprios resultou em um saldo além das expectativas: R$ 10 milhões, bem acima dos R$ 2 milhões previstos no início do contrato e também bastante superior aos R$ 3,5 milhões repassados no ano passado via secretaria de Estado de Cultura (Secult), a qual o Hangar está vinculado. Seguindo nessa perspectiva de depender cada vez menos de repasses diretos, ao completar um ano de funcionamento em maio de 2008, a administração do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia anunciou nova redução de parte do repasse governamental e um terceiro cálculo deverá ser aplicado já no início de 2009. A iniciativa que beneficia os cofres públicos só foi possível graças à administração aplicada ao Hangar, que permitiu a geração de recursos próprios em um curto espaço de tempo.


5- O post não esclarece que, por se tratar de uma entidade sem fins lucrativos, todo saldo obtido no centro de convenções obrigatoriamente deve ser investido no próprio Hangar ou devolvido para os cofres públicos estaduais. É graças a essa prerrogativa que o Hangar vem diminuindo o repasse governamental e sendo constantemente melhorado e equipado. Os recursos próprios foram investidos desde a aquisição de mesas e cadeiras para a praça de alimentação, auditórios e salas, até 101 paredes móveis com estrutura em aço para divisórias – nas quais foram aplicados mais de R$ 600 mil - que permitem o auditório ser subdividido em oito módulos e praça de alimentação ser dividida em espaços isolados, conseqüentemente possibilitando que o HANGAR sedie diversos eventos simultâneos, otimizando o espaço e aumentando os resultados financeiros positivos obtidos. É com recursos próprios também que a administração do HANGAR construiu um novo auditório com capacidade para 400 pessoas no local onde antes era um depósito, e que passa a ser o primeiro auditório dotado de toda infra-estrutura de sonorização e iluminação cênica, possibilitando que o cliente não precise contratar terceiros para tal serviço. Graças aos recursos próprios também o Hangar está viabilizando a construção da cozinha industrial, que terá capacidade de produzir até 2 mil refeições/hora, e que será utilizada como cozinha-escola para formação de mão-de-obra qualificada no Estado, mais uma ação de responsabilidade social do centro de convenções.




Lamentamos o fato do Hangar não ter sido convidado a esclarecer os fatos e nos disponibilizamos para mais informações.



Atenciosamente


Gerência de Comunicação do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

lambança

Extra! Extra!

Governo do Estado paga mais de
R$ 25 milhões a OS do Hangar

Transações envolvem fabulosas dispensas de licitações e até o aluguel de uma sala a R$ 35 mil por mês



Há algo de muito esquisito nas relações entre o Governo do Estado e a Associação Via Amazônia, a Organização Social que administra o Hangar – Centro de Convenções.


Do ano passado para cá, a entidade já recebeu cerca de R$ 25 milhões de vários organismos estaduais, boa parte com dispensa de licitação.


Pior: tais dispensas licitatórias envolvem transações, no mínimo, complicadas.



Recentemente, por exemplo, a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) fechou com a Via Amazônia um contrato que é o sonho de qualquer senhorio: alugou uma sala “equipada”, no Hangar, pela bagatela de R$ 141.750,00, para quatro meses.



Quer dizer, por mais de R$ 35 mil por mês – o equivalente ao preço de uma boa casa no Mosqueiro, ou a um carro zerado.



Dias antes, a Secretaria de Educação (Seduc) fechara outro negócio fabuloso com a mesma Via Amazônia: contratou a OS para a organizar o evento “Mova Pará Alfabetizado” por inacreditáveis R$ 1,977 milhão. E, o que é pior, com dispensa de licitação.



Mais recentemente, outra transação espantosa: a contratação da Via Amazônia, pela Seduc, para a confecção de 40 mil exemplares de “material impresso de divulgação”, incluindo “diagramação e arte final”, conforme consta no extrato contratual, por mais de meio milhão de reais. E, novamente, mediante dispensa de licitação.



Tudo isso – as extraordinárias quantias carreadas para a OS, as dispensas de licitação até para a confecção de impressos e um aluguel impensável até para o mais turbinado mercado imobiliário – já mereceria uma profunda investigação do Ministério Público.



Mas, há outro detalhe a tornar toda essa história ainda mais intrigante: pelo contrato de gestão, assinado em 15 de maio do ano passado, o Governo do Estado ficou de repassar mais de R$ 7,383 milhões, em dois anos, à Via Amazônia, além de ceder-lhe móveis e equipamentos públicos, para a administração do Hangar.



E mesmo assim, o Governo paga – e paga caro – cada vez que precisa usar aquela estrutura, para a realização de eventos.



Pior: como se sabe o Hangar – Centro de Convenções custou aos cofres públicos mais de R$ 105 milhões.



O “negócio da China” que se estabeleceu em torno dele, portanto, só o Ministério Público ou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) poderão desvendar.






Uma história nebulosa



A Via Amazônia, como, aliás, quase todas as OS, tem uma história nebulosa.



Consta no site da Receita Federal que a entidade foi aberta em 21 de março de 2007, quer dizer, menos de dois meses antes da assinatura do contrato de gestão do Hangar – Centro de Convenções.



O próprio leitor, aliás, pode verificar isso. Basta acessar a página da Receita Federal e consultar a situação cadastral do CNPJ da Via Amazônia, que é o 08.746.928/0001-21.



Consta, na Receita, que o endereço da entidade é o mesmíssimo do Hangar: avenida Dr Freitas, S/N, H2 – embora, no contrato de gestão, ela estivesse sediada à avenida Alcindo Cacela, 1264 (o contrato, querido leitor, foi publicado no Diário Oficial do Estado número 30941, de 06 de junho de 2007, e também pode ser consultado via internet, no site da Imprensa Oficial).



Consta, ainda na Receita, que a Via Amazônia se dedica, principalmente, às “atividades de organizações associativas ligadas à cultura e à arte”. Além de outras, sempre de caráter associativo.



Estranho, porém, nem é o objeto societário dessa entidade, que hoje até confecciona “material impresso de divulgação”, como se vê no contrato com a Seduc.



Mas, a data da situação cadastral dela (21/03/2007), na Receita Federal, em que aparece com o mesmo endereço do Hangar.



Isso porque, no contrato de gestão, assinado em 15/05/ 2007, a sede dela ficaria na Alcindo Cacela, número 1264.



E o contrato não faz referência a qualquer complemento – sala, andar, por exemplo - apesar de esse endereço (Alcindo Cacela, 1264) corresponder ao do edifício de escritórios “Empire Center” (que fica entre Governador José Malcher e João Balbi).



Daí a dúvida: onde é mesmo que ficava a Associação Via Amazônia? Ela já ocupava o Hangar antes mesmo da contratação?



Além disso, a sucessão de eventos induz a crer que essa OS foi criada com o objetivo, mesmo, de assumir a administração do Hangar: ela nasceu em 21/03/2007, foi qualificada como OS pelo decreto 173, de 09/05/2007 e, em 15/05/2007, ou seja, apenas seis dias depois dessa qualificação, assinou o contrato de gestão.



No mínimo, trata-se de celeridade impressionante, para os descaminhos burocráticos do Estado.



Tão ou mais intrigante, porém, é que a sua primeira CND (Certidão Negativa de Débito) do INSS, um documento essencial para qualquer contratação com o Poder Público, só foi emitida em 18/07/2007.



Quer dizer, dois meses após a assinatura do contrato de gestão do Hangar - Centro de Convenções.






Mais de R$ 25 milhões





A montanha de dinheiro carreada para a Associação Via Amazônia pode ser verificada no link “Transparência Pará”, através do site da Auditoria Geral do Estado (AGE).



Lá, se pode constatar que o Governo do Estado repassou à Associação Via Amazônia, ao longo do ano passado, exatos R$ 10.565.847,10, através de várias secretarias e outros organismos estaduais.



Neste ano, 2008, foram repassados àquela OS mais R$ 13.486.593,60.
Mas, no caso de deste ano, 2008, não se sabe à qual data-limite esses repasses se referem, na página da AGE.



Daí a possibilidade de que essa conta já esteja em bem mais do que esses R$ 13,486 milhões referidos.



Em outras palavras: é possível que a contabilidade deste biênio, em favor da OS Via Amazônia, atinja uns R$ 30 milhões, dada a profusão de contratos mais recentes.






Repasses milionários





Apesar dos mais de R$ 7,3 milhões que recebe do Governo do Estado para a gestão do Hangar, a Via Amazônia também ganha – e muito – com o dinheiro dos organismos estaduais que realizam eventos naquele local.



Hoje, a Perereca deu-se ao trabalho de consultar um por um dos registros do Diário Oficial online que traziam referência ao termo “hangar”.



Eis aqui, ao leitor, o resultado de tal pesquisa:






No ano de 2007





DOE 19/06/2007 – Dispensa de Licitação 007/2007, da Secretaria de Agricultura (Sagri), para a locação de espaço no Hangar, destinado à realização do II Frutal Amazônia e VI Flor Pará. Valor: R$ 178.611,75.



DOE 21/06/2007 – Inexigibilidade de Licitação 026/2007, da Sespa, em benefício da Via Amazônia, para a contratação de empresa para a realização do 8 Congresso Internacional de Odontologia da Amazônia, de 28 de junho a 1 de julho, no Hangar. Valor: R$ 71.148,00.



DOE 10/10/2007 – Dispensa de Licitação 022/07, da Seduc, para a contratação de espaços do Hangar “com infra-estrutura”, destinados às “oficinas pedagógicas sobre as áreas de conhecimento do currículo do Ensino Médio, acompanhado do fornecimento de material didático e para publicidade do evento”. Valor: R$ 160.790,00.



DOE 19/10/2007 – Dispensa de Licitação 024/07, da Seduc, para a locação de espaço do Hangar, destinado ao evento “Seminário sobre o SPE – Saúde e Prevenção nas escolas de 18 a 20 de outubro”. Valor: 98.480,00.



DOE 23/10/2007 - Dispensa de Licitação 025/07, da Seduc, com a Via Amazônia, para a “prestação de serviços sobre as áreas de conhecimento do currículo do Ensino Médio”. Valor: 209.790,00.



DOE 08/11/2007 - Dispensa de Licitação, da Sedurb, para a contratação de infra-estrutura do Hangar, para 400 pessoas, para o I Workshop de Desenvolvimento Urbano. Valor: R$ 52.899,00.



DOE 04/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaço no Hangar, para o IV Forpex (Fórum de Pesquisa, Ensino, Extensão e Pós-Graduação) da Uepa. Valor: R$ 39.060,00.



DOE 10/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaço, para a “Caravana da Educação: gestão democrática, avaliação e currículo”. Valor: R$ 817.149,59



DOE 12/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaços do Hangar, para o seminário de reestruturação do Ensino Modulado. Valor: R$ 307.140,15.



DOE 12/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a locação de espaço, no Hangar, para o Fórum Estadual de Ensino Médio e Educação Profissional. Valor: R$ 693.241,50.



DOE 12/12/2007 – Dispensa de Licitação, da Cohab, para a realização do seminário regional do Plano Nacional de Habitação, no Hangar. Valor: R$ 36.470,50





No ano de 2008




DOE 12/03/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a realização, no Hangar, do Fórum de Secretários de Educação do Pará, de 11 a 13 de março. Valor: R$ 241.269,15.



DOE 18/03/2008 – Extrato de Convênio, da Seop, em benefício do Hangar, para o repasse de recursos, para a realização de eventos de interesse social, incluindo o Fórum Social Mundial, no primeiro semestre (não riam, é isso mesmo o que está escrito...). Valor: R$ 117.600,00.



DOE 04/04/2008 – Dispensa de Licitação, da Sema, em benefício do Hangar, para a locação de espaço para a II Conferência Estadual de Meio Ambiente. Valor: R$ 889.615,17.



DOE 11/04/2008 – Dispensa de Licitação, da Casa Civil do Governo do Estado, em benefício do Hangar, para o evento “Com os Poderes do Estado”. Valor: R$ 58.800,00.



DOE 14/05/2008 – Dispensa de Licitação, da Sespa, para a locação de espaço, no Hangar, para o XI Congresso Brasileiro de Biomedicina, de 05 a 08 de junho. Valor: R$ 148.175,00.



DOE 28/05/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, com a contratação da Via Amazônia, para a realização do I Seminário de Educação Escolar Indígena. Valor: R$ 176. 771,59.



DOE 09/06/2008 – Dispensa de Licitação 012/2008, da Casa Civil do Governo do Estado, para a locação de espaço no Hangar. Valor: R$ 272.895,00.



DOE 10/06/2008 – Dispensa de Licitação 026/2008, da Casa Civil do Governo do Estado, para a locação de espaço no Hangar. Valor: 259.900,00.



DOE 20/06/2008 – primeiro Termo Aditivo ao contrato da Sema, com Dispensa de Licitação, para a locação do Hangar, para a realização do evento “Eliminação de Passivos Processuais Ambientais”. Valor do contrato original: R$ 124.425,00. Valor do aditivo (que é também de prazo): R$ 124.425,00.



DOE 20/08/2005 - Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização da I Feira de Orientação Profissional do Ensino Médio. Valor: R$ 143.440,50.



DOE 22/08/2008 – Dispensa de Licitação 055/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia/Hangar, para fornecimento de lanches, som, impressos e imagens e fotografias para 1.200 pessoas – não riam; tá assim mermo...). Valor: R$ 192. 264,77.



DOE 22/08/2008 – Dispensa de Licitação 056/08, da Seduc, para a contratação do Hangar, para a realização do projeto de formação inicial dos educadores do MOVA (Movimentação de Alfabetização de Jovens e Adultos). Valor: R$ 397.665,50.



DOE 22/08/2008 – Dispensa de Licitação 057/08, da Seduc, para a contratação do Hangar para a realização do projeto de formação inicial dos educadores do MOVA (Movimentação de Alfabetização de Jovens e Adultos). Valor: R$ 151.922,60



DOE 04/09/2008 – Dispensa de Licitação, da Sespa, para a a realização, no Hangar, da IX Jornada de Saúde Bucal. Valor: R$ 57.750,00.



DOE 19/09/2008 – Dispensa de Licitação, da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, em favor da Via Amazônia, para a organização e execução da infra-estrutura de estandes e 15 ilhas de computadores, para a divulgação do “Navega Pará”, na Feira Pan Amazônica do Livro, de 19 a 28 de setembro. Valor: R$ 150.000,00. (Nota da redatora: veja que este valor dava para comprar 30 computadores zerados, entre otras cositas mas...)



DOE 19/09/2008 – Segundo Termo Aditivo (TA 010-2/2008) ao contrato 010/2008, entre a SEMA (Secretaria de Meio Ambiente) e a Via Amazônia, para a realização do projeto “Eliminação de Passivos Processuais Ambientais). Valor desse segundo TA: R$ 124. 425,00.



DOE 19/09/2008 – Dispensa de Licitação, da Sema, com a Via Amazônia, para o contrato 047/2008, para a locação de espaço, objetivando a divulgação do programa “Um Bilhão de Árvores para a Amazônia”, na Feira Pan Amazônica do livro. Valor: R$ 50.000,00.



DOE – 29/09/2008 – Dispensa de Licitação 070/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização da Feira Pan Amazônica do Livro, de 19 a 28 de setembro, no Hangar, com patrocínio da Seduc. Valor: R$ 330.000,00.



DOE 02/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Sespa, para a contratação do Hangar, para a realização do III Encontro de Vigilância Sanitária do Estado do Pará. Valor: R$ 253. 407,00.



DOE 10/10/2008 – Contrato 067/2008, entre a Uepa e a Via Amazônia (o contrato, na verdade teria sido assinado em 19 de maio deste ano), para a locação do Hangar, para o evento “Formação de Docentes e Técnicos do Projeto Pró-Saúde”, de 19 a 20 e de 26 a 27 de maio de 2008. Valor: R$ 12.306,00.



DOE 14/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “Formação Continuada de Educadores da Educação do Campo”, para “230 pessoas, incluindo hospedagem e alimentação”. Valor: R$ 90.875,40.



DOE 14/10/2008 – Dispensa de Licitação 078/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a a realização do evento “Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos/MOVA, para 600 pessoas, incluindo passagem, hospedagem, alimentação e impressão de 5.000 livros Mova/Pará”. Valor: R$ 224.470,05.



DOE 17/10/2008 - Dispensa de Licitação, da Sespa, para a contratação do Hangar, para o V Fórum de Pesquisa, Ensino, Extensão e Pós-Graduação. Valor: R$ 91.192,50



DOE 24/10/2008 – Dispensa de Licitação 080/08, da Seduc, para a realização, no Hangar, do evento “Acolhimento de Novos Professores da Rede Pública de Ensino”, incluindo infra-estrutura. Valor: R$ 56.400,00.



DOE 24/10/2008 – Dispensa de Licitação 081/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “Projeto de Formação Inicial de Educadores do MOVA”, para várias cidades (atenção: notem a disparidade de preços entre os municípios listados). Valor: R$ 487.872,10.



DOE 24/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “Educadores do Campo – Soure”, com infra-estrutura, hospedagem e organização do evento. Valor: R$ 32.025,00



DOE 31/10/2008 – Dispensa de Licitação, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia, para a realização do evento “MOVA Pará Alfabetizado”, incluindo passagens, alimentação, infra-estrutura, recepcionista e material de consumo. Valor: R$ 1.977.375,00. (É isso mesmo: R$ 1,977 milhão!)



DOE 11/11/2008 – Contrato entre a Uepa e a Via Amazônia, com Dispensa de Licitação, para a locação de espaço para a realização do V Fórum de Pesquisa, Ensino, Extensão e Pós-Graduação, de 21 a 23 de outubro. Valor: R$ 118. 597,50.



DOE 12/11/2008 – Dispensa de Licitação, entre a Sema e a Via Amazônia, para a locação de uma sala “equipada”, no Hangar. Vigência: de 16/09/2008 a 16/01/2009. Valor: R$ 141.750,00 (é esse o contrato sonhado por qualquer senhorio...).



DOE 13/11/2008 – Dispensa de Licitação 090/08, da Seduc, para a contratação da Via Amazônia para a confecção de material impresso de divulgação – 40 mil exemplares – incluindo diagramação e arte final. Valor: R$ 506. 665,05.





Total de dispensas de licitação, em favor da Via Amazônia, em menos de dois anos: mais ou menos R$ 10 milhões.








Editorial






A vida é de fato bem bacana quando a gente fecha os olhos a todo o resto do mundo.


Ou melhor: quando a gente cria um mundo de faz-de-conta, no qual tudo o que importa é esta mesa, este emprego, este status, este dinheiro, este pedaço de pão.


O mundo, assim, parece simples: é nascer, crescer, reproduzir e morrer.


O problema são as esquinas que esta vida, absurdamente real, absurdamente dependente de milhões de outras vidas, nos reserva.


E aí, essa coisa do “meu mundo”, da “minha vida”, essa coisa tão mesquinha, acaba reduzida a somenos importância que, de fato, tem.


Vivemos num mundo que causa permanente estranheza a este animal pensante que somos.


A este animal político, ou simbólico, como já quiseram tantos filósofos e cientistas políticos.


É que temos acesso a uma gama absurda de informações, em tempo real.


O que nos leva a esquadrinhar o mundo, este mundo, este universo, de uma forma que nunca poderiam fazer os nossos antepassados, por mais extraordinariamente inteligentes que eles, hoje, nos possam parecer.


Daí que virou senso comum identificar, de pronto, a cara de pau, o perobal, daqueles que buscam enganar todo mundo, o tempo inteiro.


Vivemos a Era da Informação – nós, os cidadãos; nós, os contribuintes.


E já não nos bastam as “maravilhosas” intenções daqueles que dizem querer transformar, melhorar, este mundo, este universo em que vivemos.


Para além das meras palavras e dos gestos teatrais – que assistimos, todo santo dia, de poltrona, em novelas, filmes, telejornais – queremos ações concretas e responsáveis.


Não apenas a idealização que nunca se realiza ou que, quando se realiza, é manifesto desastre.


Mas, talvez, um mínimo de decência em relação a esta vida fumada que levamos - e até à inteligência que sabemos ter.


O que acontece, hoje, no Hangar – Centro de Convenções é uma LAMBANÇA – e não há como classificar tal fenômeno de outro jeito – que, de tão desabrida, agride, fere, estes miseráveis e compulsórios contribuintes que todos somos.


O que se realiza no Hangar é a demonstração, ao vivo e em cores, da crença na impunidade, que tantos políticos brasileiros cultivam.


Porque a nossa moral e a nossa História permitem que seja assim.


E porque eles possuem uma cara de pau, um perobal, que é, simplesmente, extraordinário.


Como explicar que o Estado, ou qualquer ente do Estado, que é sustentado pelos nossos impostos, pague, impunemente, mais de R$ 35 mil por mês pelo aluguel de uma saleta? – “equipada”, alega-se.


E eu, contribuinte, fico só imaginando que diabo de equipamento é que deve de haver em tal saleta... Talvez que uma máquina do tempo. Ou, quem sabe, do Juízo Final...


Como explicar uma dispensa de licitação de quase R$ 2 milhões?



Mas, será que não existe Lei neste país e que vivemos, sem saber, espécie de barbárie financeira?



Como explicar que gastemos mais de R$ 100 milhões numa estrutura – num espaço PÚBLICO – e que essa estrutura seja cedida, com tudo dentro, a uma entidade, diz-que sem fins lucrativos?



E que ainda paguemos por isso?



E que ainda tenhamos de pagar à dita cuja, cada vez que queiramos usar tal espaço?



Mas, será que o Pará virou um pesadelo surrealista?



É engraçado...



Eu, à semelhança de todos vocês que me lêem, faço um esforço danado para pagar o aluguel do apartamento em que moro.



E a minha ginástica é tão grande ou até maior, para pagar comida, escola da minha filha, plano de saúde.



Mas, o Estado e os agentes do Estado, os agentes que deveriam ser públicos, porque sustentados com o meu dinheiro, eu só vejo com um magnífico sorriso no rosto, sem nem sombra de preocupação.



Todos muito bacanas, verdadeiras locomotivas da alta sociedade e das colunas sociais...



Enquanto eu aqui, a cidadã fumada que os sustento, tenho, muitas vezes, de recolher um monte de moedas, para comprar comida no supermercado...



Enquanto eles, esses ditos “agentes públicos” estão por aí farreando, na base do whisky, do champagne e da lagosta, eu, cidadã, que os sustento, muitas vezes tenho de me virar para traçar uma simples cabeça de gurijuba.



Para roer uma pupunha, digamos assim, nesse linguajar que é tão nosso...



É engraçado isso...



Não deixa de ser engraçada a cara de pau dessas pessoas.



Mais ainda, quando tentam despejar nas cabeças de todos nós esse manjadíssimo discurso do Socialismo.



Mas, Socialismo para quem, cara pálida?



Para vocês e a confraria, o clube de vocês, é?



O pior, no entanto, é que não aparece uma sem-vergonha de uma instituiçãozinha que seja, também sustentada pelos nossos impostos, para dizer: “Já chega! Vamos acabar com essa lambança!”.



Assembléia Legislativa, Imprensa, Ministério Público, Justiça, parecem ter simplesmente se habituado àquela “paz romana”, àquele silêncio dos cemitérios e da mordaça, de 12 anos de tucanato.



Vem o PT – e que extraordinária esperança nos trouxe, não é mermo?...



E repete o mesmíssimo figurino.



E ninguém diz nada, como a esperar uma lambança de igual magnitude.



Como a esperar que o Hangar repita, impunemente, a tristíssima história da dupla Marcelo Gabriel/ Chico Ferreira.



É o caso de dizer: valha-nos quem?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

batente

Acabou o recreio



Voltei, hoje, a trabalhar em O Liberal, no qual, aliás, praticamente iniciei minha carreira, na década de 80.


Assim, estou pra lá de enrolada com uma matéria especial para o domingo.


Por isso, este blog só voltará a ser atualizado na segunda-feira.


Agradeço a compreensão dos leitores.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

café







Uma pausa para o café










Égua do partido complicado que é o PT!


Sem sacanagem: o PT é uma colisão de crises existenciais. Espécie de fotografia animada do caos primordial...


Lembro que a minha origem política foi o PT – melhor dizendo, o PRC, Partido Revolucionário Comunista, na época, abrigado no PT.


E penso que a minha sorte, naquela doidice toda, é que Deus me havia concedido uma experiência anterior: a participação em uma igreja evangélica.


Isso me permitiu trabalhar, na cabeça, tanto o comunismo, quanto o PT.


Permitiu-me enxergar a religiosidade encoberta pelas tintas da Ideologia.


E descobrir, afinal, que o mundo, o Humano, transcende, em muito, essa dicotomia de “Bem” e “Mal”.


A vida também me levou aos Pré-Socráticos, a Heráclito.


À raiz dessa dualidade. E à interdependência de ambos.


De sorte que, hoje, ao olhar os companheiros do PT, não consigo acreditar, é verdade, na viabilidade, na objetividade daquilo que pregam.


Mas, não consigo, também, deixar de sentir enorme simpatia, carinho, ternura, por todos eles.


Afinal, tem de ser bem bacana, de fato, alguém que pensa, em primeiro lugar, nos outros e na sociedade...


Alguns dos meus melhores amigos são petistas. Mas, tão petistas que chegam às raias do PSOL...


Petistas daqueles que quase chego a estapear...


E eu, sinceramente, que admiro a raça, a força, a honestidade dessas pessoas.


São os seres, os “gatos” e “gatas”, com os quais eu realmente gosto de sair pela rua, como naquela canção que publiquei aqui, a gritar a liberdade de Ser...


São os meus irmãos - de sangue e de “lataria”...


Embora que amarelíssima e assumidíssima tucana...


Por isso, é verdade, já tivemos discussões inesquecíveis.


Eles, como mais ninguém no mundo, a adorar um debate...


Eu, tucanísticamente, a ouvir tais divagações com toda a paciência do mundo...


E vocês sabem que já até cheguei, nessa história toda, à via mais perfeita de convivência entre tucanos e petistas?


Pois é!...


Basta nós, tucanos, assumirmos o governo, o Executivo.


E aí a gente cria a SDE - a Secretaria de Debates Especiais.


E entrega, “porteira fechada”, adivinhem a quem?


Pronto! Viveremos, para sempre, em paz!


Mas, é certo que nós, os tucanos, jamais resistiremos à tentação de espiar essa “gastação de cuspe”.


E até de meter o bedelho, vez por outra.


É que a gente tem essa urgência de ação; essa consciência de que é preciso executar, e rapidamente, para “não perder o bonde”; para que não se percam mais vidas, enfim...


Mas, a gente nunca vai deixar de admirar essa atração pelo debate.


Vamos ter, sempre, aquela coceirinha de olhar e de intervir...


Porque, afinal, temos o mesmíssimo propósito: o avanço da sociedade brasileira.


E, o que é mais importante: o mesmíssimo amor pela Democracia.


Mas, a Democracia real, que é de todos – e não, apenas, espécie de “privilégio” de alguns...


Que isso, como todos sabemos, tucanos e petistas, não é e nem jamais será Democracia!...


Mas, por que é mermo que estamos em lados opostos?


Ô sumanu, desce mais uma aí!!!



FUUUIIIIII!!!!!!





Repetindo, repetindo... Mas, agora, apenas para os “fodões”, os “intelectuais”, de tucanos e petistas...









História de Uma Gata


Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
Me acostumaram!
(Miaaaauuuuuu!)


O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé... de gato


Me diziam todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda noite vão cantando assim


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres!
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás!


De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria


Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua, virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres!
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás !


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres!
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás!


O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé... de gato


Me diziam todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda noite vão cantando assim


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres!
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás!


Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres!
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás!

(Miaaauuuuuuu!)


(Enriquez/Bardotti - versão: Chico Buarque)


P.S.




Esta é a última vez que a gente fica peruando o jogo, ajudando vocês, visse?

E não pensem que o “Zé Gotinha” vai ajudar...

É claro que ele tem um perfil mais democraticamente tucano...

Mas, maninhos, guerra é guerra!...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

tabuleiro VI


O Tabuleiro de 2010 – VI


O Império contra-ataca




“O PSDB sai desta eleição com um potencial que o credencia a ter a expectativa real de voltar ao Governo do Estado, em 2010” – diz o senador Fernando Flexa Ribeiro, presidente regional da legenda.
Flexa é outro que aponta a necessidade de uma análise qualitativa das eleições municipais.


“Você não pode avaliar uma eleição, apenas, pelo número de eleitos e pelos votos alcançados. É claro que você não pode deixar de fazer essa contabilidade, mas, há muitas variáveis políticas a considerar”, observa.
E uma dessas variáveis, acrescenta, é o “quem é quem”, a trajetória política de muitos dos prefeitos eleitos ou reeleitos.


“Há muitos aliados que estiveram conosco, nos 12 anos em que o PSDB comandou o estado e que, devido à conjuntura, abandonaram essa aliança. Mas, nada impede que retornem, em 2010”, comenta.


O senador evita, no entanto, apontar os prefeitos eleitos ou reeleitos que podem ser contabilizados entre aqueles que, possivelmente, estarão com os tucanos, em 2010.


Prefere citar, apenas, os maiores municípios oficialmente conquistados pelo partido: Abaetetuba, Altamira, Paragominas, três prefeituras de forte influência regional.


E salienta que, em muitos municípios nos quais o PSDB não conseguiu eleger o prefeito, a disputa cindiu ao meio o eleitorado.


“Isso aconteceu, por exemplo, em Ipixuna, onde tínhamos a expectativa de ganhar. Mas, a máquina do PT jogou dinheiro, fez um estrago danado, e nós perdemos por 75 votos”, relata.


“Mas, em 2010, as eleições deverão ter resultados bem diferentes daqueles que vimos agora”, acrescenta.


Isso porque, apesar da falta de recursos que os tucanos enfrentam, hoje, para um pleito dessa envergadura, e de o PT possuir as máquinas da União e do Estado, haverá forte impacto do quadro nacional – leia-se a eleição do novo presidente da República - sobre os cenários estaduais:


_É evidente que temos uma dificuldade maior, mas, há algo tão ou mais poderoso que é a expectativa do poder. E a tendência do PSDB, nacionalmente, é a de fazer o presidente da República. Inclusive, se a eleição fosse hoje, o José Serra seria o eleito, como apontam os analistas. E isso alcança todo o resto e leva à geração de novas alianças. O candidato do PSDB à Presidência da República será um grande puxador de votos e, certamente, apoiará todos os candidatos do partido aos governos estaduais.





Perdas e ganhos




Outro emplumadíssimo tucano, que prefere não se identificar, também enfatiza a impossibilidade de analisar os resultados eleitorais apenas do ponto de vista quantitativo.


“É preciso esperar a água passar debaixo da ponte, para que se possa avaliar, realmente, o resultado deste pleito”, observa.


Ele admite que o PSDB saiu enfraquecido destas eleições, uma vez que os resultados têm de ser analisados, também, em termos comparativos – os seja, em função daquilo que se alcançou no passado:


_É evidente que já contabilizávamos a diminuição do número de prefeituras do partido, até porque, antes mesmo das eleições, já estávamos, apenas, com pouco mais de 30 municípios. Então, o PSDB enfraqueceu de fato, quanto ao número de prefeituras, o que já estava previsto, embora que nem tanto... Porque, tirando Altamira, Paragominas e Abaetetuba, os demais municípios são ‘nanicos’, quer dizer, não têm capilaridade dentro de um processo eleitoral.


Ele acentua que, desde 1995, quando o ex-governador Almir Gabriel deu início a 12 anos ininterruptos de governos tucanos, o PSDB cresceu bastante.


Mas, também cresceram os partidos da base aliada: PP, PTB e PDT emplacaram grandes e importantes municípios.


“E quando a gente somava o resultado dessas quatro legendas” – recorda – “tínhamos mais de 100 prefeituras”.


No entanto, assinala, é preciso levar em conta que essa “base aliada” não existia, apenas, na hora de contabilizar os municípios conquistados: ela funcionava de verdade, tanto em termos de participação administrativa, quanto na hora de costurar as alianças, para as eleições municipais.


“Por isso, quando o PT vem, hoje, querer fazer comparações, a conta é diferente. Hoje, o que se vê são partidos que, em tese, integram a mesma base, mas que disputam eleições nos municípios, como aconteceu em vários locais, com o PT e o PMDB. E você viu o que houve em Belém: o PT anunciou apoio ao PMDB, mas, a governadora se disse ‘neutra’. Então, isso não é uma coligação. E as vitórias do PMDB não são vitórias da coligação”, sustenta.


Ele enfatiza que o PT acabou ficando abaixo do PMDB, “que não tem a máquina na mão”, em termos de prefeituras conquistadas - o que fortaleceu ainda mais o deputado federal Jader Barbalho, presidente regional do partido.


E que o PMDB possui grande expressão eleitoral e organização de base – daí ter sempre arrebatado municípios importantes (Altamira, Santarém, Ananindeua, Tucuruí), mesmo quando se encontrava fora do poder.


Além disso, acentua, é preciso analisar outro ponto: o fato de “o grande trunfo” do PT, nestas eleições, ser a manutenção das duas grandes prefeituras que já possuía – Parauapebas e Santarém.


“Eles (os petistas) não ganharam nenhum novo município grande. Pelo contrário: até perderam Abaetetuba” - observa – “Eles não pegaram nem Castanhal, nem Altamira, nem Marabá, nem Tucuruí. Quer dizer: apesar de toda a estrutura que possui, o PT não conseguiu crescer”.


Segundo ele, é preciso ter em mente que as eleições deste ano foram a base do grande jogo de 2010.


E, assim como Flexa Ribeiro, esse outro tucano, também de alta patente, enfatiza a necessidade de considerar os impactos da eleição nacional sobre o quadro estadual.


E raciocina:


_Por que é que o PMDB é forte? Porque tem o Jader e eles (os peemedebistas) sempre têm a expectativa de alguma coisa; o Jader sempre tem alguma coisa a oferecer, algo a dar aos seus aliados, para que permaneçam ali. Partido é poder, não é questão ideológica. Até o PT, hoje, é assim: não tem mais aquela paixão doutrinária que já existiu. E o PSDB é quem tem maior expectativa de poder, nacionalmente. Temos dois candidatos fortes, Serra e Aécio, ambos vitoriosos nas municipais deste ano. É essa possibilidade, essa expectativa em relação aos nossos candidatos à Presidência da República, que também dará um certo ‘comando’, em 2010, na linha sucessória dos estados.


Ele evita, porém, confirmar a candidatura do ex-governador Simão Jatene, ao Governo do Estado, em 2010 – um “segredo”, aliás, que até as pedras já comentam...


E diz:


_Não podemos lançar uma candidatura, assim, com tanta antecedência...Vamos pensar, por exemplo, num cenário em que a governadora Ana Júlia esteja bem: você acha que o Jatene vai entrar nisso? Nesse caso, o PSDB terá, sim, um candidato, mas, apenas, para marcar presença. Então, a candidatura do Jatene, em 2010, é possível. Mas, tudo vai depender da questão nacional e do desempenho da Ana Júlia.


Mas, se a governadora não melhorar a sua administração e o cenário nacional continuar amplamente favorável aos tucanos, aí a composição municipal gerada nestas eleições se tornará até aflitiva para o PT:


_Quem você acha que os prefeitos vão apoiar? Certamente que não será um governo que vai perder... Além disso, as eleições, em vários municípios, foram muito disputadas. Isso aconteceu, por exemplo, em Ananindeua, Parauapebas, Santarém... Então, repito, é preciso deixar a água rolar debaixo da ponte...






Entre tapas e beijos




Para um deputado do PMDB, que prefere não se identificar, é preciso aguardar pelo “realinhamento” das prefeituras paraenses, que acontecerá a partir do ano que vem, e que, em muitos casos, não coincidirá com as legendas às quais pertencem, hoje, os novos prefeitos.


Nesse “realinhamento”, acredita, o PMDB levará vantagem, “porque não tem rejeição”, e o PSDB também pode ser beneficiado.


Já para o PT a situação é problemática, observa, devido à dificuldade do partido em estabelecer e cumprir acordos.


“Você pode esperar que, a partir do ano que vem, o novo quadro de alianças vai começar a se desenhar. Não tem ninguém satisfeito com o governo - nem o próprio PT. Então, se não houver uma mudança de atitude, com certeza que esse realinhamento será em prejuízo do governo. Pode até beneficiar os tucanos”, prevê.


Segundo ele, há, sim, possibilidade de uma aliança entre PMDB e PSDB, em 2010. “Mas, isso não pode ser colocado como uma expectativa”, sapateia.


E acrescenta: “Nós não rejeitamos ninguém; não conversamos com ninguém de costas. No mínimo, convidamos para sentar e tomar um cafezinho”.


O deputado também avalia que os tucanos e seus aliados não se saíram tão mal, nestas eleições, em termos qualitativos. Mas, observa: “Na verdade, o PT é que poderia ter se saído melhor...”


E diz, ainda, que as relações entre os petistas e os peemedebistas, que nunca foram exatamente boas, nunca estiveram tão ruins como agora:


_A nossa aliança com o PT sempre caminhou entre ‘tapas e beijos’. Mas, nesta eleição, só veio de lá tapa, pontapé, canelada... Mas, continuamos a morar sob o mesmo teto... Não trabalhamos para a ruptura, não queremos o divórcio, mas, o relacionamento está esgarçado. Esse relacionamento já foi melhor e o momento atual é bem delicado, realmente...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

tabuleiro 4 e 5


O Tabuleiro de 2010 – IV

PMDB, o fenômeno






As eleições municipais foram extremamente salutares para o PMDB: por qualquer ângulo que se olhe, a legenda emergiu das urnas como a campeã de votos, a deixar para trás até o PT, que comanda os governos federal e estadual.


Daí a euforia do morubixaba (ou seria pajé?) peemedebista, o deputado federal Jader Barbalho:


_Para nós, o resultado destas eleições foi altamente satisfatório. Fizemos o maior número de prefeitos e, também, de vereadores. E, o que é mais importante, o maior número de eleitores. Saímos muito mais fortalecidos do que nas eleições anteriores.


Jader não exagera.


É verdade que o PMDB detém um terço do Governo do Estado e vários ministérios e organismos federais, com boa capacidade de captação financeira.


É verdade, também, que o partido possui uma capacidade ímpar (talvez, até fisiológica...) de concretizar alianças.


Além disso, o partido possui, no Pará, um grande grupo de comunicação, com jornal, TV e emissoras de rádios, que atuam, de forma afinada, no jornalismo de campanha.


Mas, nada disso invalida o fenômeno eleitoral que é o PMDB.


Até porque outros partidos também possuíram, ou possuem, idênticos recursos.


E, mesmo assim, não conseguem obter a mesma eficácia eleitoral.


Na verdade, quando se analisam os resultados nacional e estadual, percebe-se que PMDB e PSDB saíram com excelentes cacifes, para a grande partida de 2010, quando estarão em jogo os cargos que, de fato, importam: presidente da República, governador de Estado, senador da República, deputado federal, deputado estadual.


Afinal, as prefeituras são facas de dois gumes, em termos de satisfação do eleitorado administrado.


Mas garantem, objetivamente, dinheiro para o funcionamento da máquina eleitoral, nas eleições federal e estadual.


E, bom... Nem é preciso falar do potencial de fogo dos cargos que estarão em disputa em 2010, não é mesmo?





Um desempenho enigmático





A grande incógnita, porém, é o motivo da performance do PMDB, seja em Belém, seja no Rio de Janeiro.


É fato que a origem do PMDB é a luta contra o autoritarismo e a ditadura militar – e daí que a capacidade de articulação e de recepção de lideranças da legenda não passe, talvez, apenas pelo fisiologismo, mas, também, pela tolerância democrática, apreendida nos tempos de bipartidarismo.


Mas, é certo que outras legendas, como o PT e o PSDB, também possuem uma origem extraordinária: o primeiro veio do movimento sindical, da “organização do proletariado”, digamos assim. O segundo, dos anseios – e até das crises existenciais - da intelectualidade.


Além disso, havia o outro lado, o do regime forte, da tradição, família e propriedade, defendido por legendas das quais nem se recorda o nome e que se pulverizaram em tantas outras legendas, que, para sobreviver, têm de viver mudando de denominação.


Mais: as principais lideranças peemedebista, no Pará e no Brasil, possuem um histórico complicadíssimo de convivência com a “coisa” pública.


E que, no entanto, parece inexpugnável, mesmo aos novos ventos éticos da política brasileira.


Por isso, como explicar a longevidade do PMDB?


E, mais que isso, a máquina de votos que efetivamente é?


O baixo nível escolar, a ignorância do eleitorado brasileiro?


Mas, quantos outros partidos não podem capitalizar essa condição?


A Bolsa-Família, ou, aquele cartão de Cidadania, puxados do bolso do colete, tanto pelo PT, quanto pelo PSDB?


Mas, por que não têm o mesmo efeito do “cestão básico” e dos cargos, do servente ao chefe de gabinete, amplamente distribuídos pelo PMDB?


A legenda, como se vê, é um fenômeno, pra lá de complexo, a estudar...





Pés no chão





Não fiz qualquer dessas indagações ao morubixaba peemedebista.


Não me ocorreram. Além disso, falei com ele por telefone.


Limitei-me ao “feijão com arroz”. E ele, como sempre, nem deixou pergunta sem resposta, nem se mostrou irritado com qualquer das indagações.


Ele disse que o PMDB teve o “patrimônio eleitoral” ampliado, nestas municipais, porque, além dos prefeitos que o partido elegeu, há vários outros “vinculados” à legenda.


“Em Aurora do Pará, o nosso candidato acabou inelegível, mas, foi substituído pela filha, que ganhou por outro partido”, observou.


Além disso, prosseguiu Jader, o PMDB fez 26 vice-prefeitos e participou do segundo turno das eleições da capital, “o que não estava previsto”.


E, apesar de não ganhar, fez uma expressiva bancada de vereadores, em Belém, a ombrear, no Legislativo, com o partido que arrebatou a Prefeitura – o PTB.


E, nos municípios em que perdeu as eleições, o PMDB obteve bons resultados, em termos de estruturação partidária – observou Jader – consolidando-se como força política da cidade:


_ Em São Miguel do Guamá, por exemplo, perdemos a eleição por 13 votos. Ou seja, tivemos ali um eleitorado dividido. Em vários municípios, ficamos com um percentual alto de votos e um partido forte e organizado. Esse é um trabalho que fizemos não só neste ano. Mas, que já vinha sendo feito desde 2007.


Jader ressaltou que as eleições deste ano foram estruturantes para 2010. E que a análise dos resultados, portanto, não pode ser feita, apenas, em função do quantitativo de prefeituras obtidas.


Discorda da afirmação que o PT foi o perdedor dessas eleições: “Isso é muito relativo. Eles fizeram Santarém, que é um município grande”.
Mas, consente que é preciso “ver quem é quem”, dentre os prefeitos eleitos – analisar a trajetória política de cada qual – para que se possa ter idéia da bandeira que será fincada, de fato, em cada município.


E observa, pragmaticamente, quanto às alianças alinhavadas pelo PMDB, que incluíram, além do PT, até a vitoriosa dobradinha com o DEM, em Cametá:


_Eu não consigo adotar o erro - no fundo, alguns cometeram erros de não coligarem com o PMDB... A nossa orientação foi a de respeitar as realidades municipais, nas composições. Porque não pode haver postura preconceituosa.


E, com igual pragmatismo, também afirma, em relação ao resultado destas municipais:


_ Nós festejamos esses resultados, mas, sem subestimar ninguém. E nem achar que nos levam a estabelecer caminhos definitivos...





Belém, a jóia da coroa





Perguntei, de chofre, ao morubixara peemedebista:


_O senhor me desculpe, deputado. Mas, havia, realmente, interesse do senhor em que o Priante ganhasse a prefeitura de Belém, já que vocês parecem pertencer a grupos diferentes, do PMDB?


_Nós não desejaríamos fazer a prefeitura da capital?!!! – devolveu o cacique – Não existe isso. É claro que tínhamos interesse em que o Priante ganhasse... Aí, o PMDB seria o grande vencedor, incontestavelmente, dessas eleições. Aliás, eu até me divirto com essas especulações. Porque já foi uma vitória espetacular estarmos no segundo turno. Então, não existe isso. Nós apoiamos o Priante pra valer – e todo mundo que participou das eleições sabe disso.


_Mas, então, por que é que o senhor acredita que o Priante perdeu?, perguntei.


_Você tem que ver que a reeleição é muito forte; em todo o Brasil, só não vingou em Manaus – assinalou Jader. Porque você não trabalha, apenas, contra o candidato, mas, contra a máquina. Todos os DAS também são candidatos à reeleição, assim como os prestadores de serviços, as empreiteiras - e por aí vai. E, em países como o Brasil, há dificuldade em controlar essa arrecadação. Então, lutar contra isso é uma empreitada considerável. As pessoas, muitas vezes, moram num alagado. E, quando o prefeito entra com a máquina, elas ficam naquela expectativa de que a máquina vai chegar até a porta da casa delas. Lembro, aliás, que o instituto Gallup fez uma pesquisa, na época do Nixon, nos Estados Unidos. E concluiu que um candidato à reeleição que tenha um terço de intenções de votos dificilmente será derrotado.


Por isso, disse ele, é que defende o financiamento de campanha através de um fundo partidário, para que “a oposição tenha um mínimo de condições de participar do processo eleitoral”.


Mas, perguntei, o senhor não acha que essa derrota do Priante reflete, também, uma rejeição ao senhor?


Jader respondeu:


_Rejeição a mim?!!! Isso só existe no Liberal, que, há 26 anos, escreve contra mim, mas, não consegue me tirar do mapa político do estado... Não fui candidato nestas eleições. Além disso, nas últimas eleições estaduais, fui o deputado federal mais votado do Pará. Se isso é rejeição, então, eu não sei o que é rejeição...


E prosseguiu:


_O que eles ainda não entenderam é que quanto mais falam de mim, mais me mantêm em evidência. Eles não percebem isso, que a opinião pública não é boba. Eles querem fazer comigo como, no passado, a Folha do Norte fez com o Barata (ex-governador do Pará). Rejeição? Eu tô é felicíssimo da vida! Acho até que o resultado destas eleições extrapolou a nossa expectativa.


E quanto a 2010, quem o PMDB apoiará? – perguntei ao velho morubixaba.


Ele respondeu:


_2010 é outro quadro, com outros ingredientes, nacionais, inclusive, políticos e econômicos. Já vimos que essa história que o Lula elege um poste não é verdadeira. E o Lula não será candidato. E o PSDB já tem nomes fortes, para essa disputa. Temos que olhar o tabuleiro de xadrez, se não vira come-come, jogo de damas. Temos que analisar, no mínimo, três jogadas na frente.


Observou, porém:


_Mas, não somos os donos da cocada-preta: pezinhos no chão, apreciando o jogo... Porque quem tinha razão era o Magalhães Pinto: política é como nuvem...


Perguntei se, como me disse uma fonte do PMDB, a relação do partido com o PT caminha “entre tapas e beijos” – e mais para tapas, como me disse a fonte, além de bicudas.


Mas, Jader esclareceu:


_A nossa relação é de apoio tranqüilo ao PT. Temos os nossos interesses; eles têm os deles. Não somos sucursal do PT, nem imaginamos que eles vão querer que a gente mande neles. Tem de ser uma relação adulta.


E acrescentou, mais adiante:


_Em política, não existe amizade, mas, sim, defesa de interesses, de espaços, como nas relações internacionais. E tem de haver compreensão disso. A gente tem de ver o outro lado do tabuleiro, também. Você viu o que aconteceu com o PSDB, aqui, com o Almir, que cometeu uma série de erros, que não permitiram a reeleição do Jatene...


Ah, sim!... Quanto a eventuais divisões no PMDB, que pudessem resultar em que ele, o morubixara peemedebista, não quisesse a eleição de Priante, na capital, Jader já havia respondido:


_ O Priante tem os redutos eleitorais dele, o que é natural – como outros também têm. E nós não disputamos redutos locais. Não existe isso, de grupos, dentro do PMDB. O que existe é o trabalho localizado de lideranças. E, no fim das contas, somos a somatória de vários companheiros, de várias regiões. Então, tentamos prestigiar cada qual, de acordo com a região. Para que possa ser coordenador estadual, tenho de respeitar isso. Imagine se vou chegar em Santarém e dizer que o filho do Antonio Rocha não vai ser o vice da Maria do Carmo? Vou ser o novo Barata, é? Então, não existe isso. Não concordo com esse tipo de análise. Não existem nem grupos, nem disputas dentro do partido, no estado. E eu sou o líder por uma questão natural, até, porque já ocupei alguns dos cargos mais importantes do estado.






O Tabuleiro de 2010 – V

A incompetência petista






Para um cientista político, que prefere não se identificar, o fraco desempenho do PT, nestas eleições, decorre de vários erros estratégicos. E o principal é o fato de o partido ter “dormido no ponto”, nas articulações municipais:


_O PT se atrasou muito. Quando abriu o olho, o Jader Barbalho já havia realizado a maior parte dessas articulações. E note que ele fez isso com ampla divulgação. Se as adesões de prefeitos e lideranças tivessem ocorrido “na surdina”, é possível que o PMDB vencesse em um número ainda maior de municípios, devido à demora do PT em perceber essa movimentação.


Segundo ele, a raiz do problema é a dificuldade petista na absorção de novos quadros, especialmente aqueles considerados “viciados” – quer dizer, os políticos de “longo curso” e muitos erros a contabilizar.


E, é claro, a demora no processo decisório:


_Você tem que ver que o PT funciona, de fato, como um partido. É verdade que a cúpula até impõe certas decisões. Mas, as bases e os diretórios municipais têm a capacidade de obstruir, emperrar. Quer dizer: enquanto o PMDB tem apenas duas instâncias (além do Jader Barbalho, o pessoal que executa), no PT tudo tende a demorar mais, porque há vários grupos que participam das decisões.


Mas, além dessa característica do funcionamento partidário, há dois fatores que também contribuíram para que o PT, contra todas as expectativas, não emplacasse um número bem maior de prefeituras.



O primeiro são os escândalos que envolveram o partido - o “mensalão”, por exemplo. Daí o fato de o PT, apesar de possuir os governos federal e estadual, não ter conseguido sequer dobrar o número de prefeituras paraenses sob o seu controle – e, nas duas eleições municipais anteriores, o partido conseguiu triplicar esse quantitativo.


O outro fator é o desempenho em si dos articuladores políticos do governo do estado: a falta de visão estratégica para enxergar, de fato, o grande tabuleiro de 2010, quando estará em jogo o Governo do Estado.


“O PT perdeu Marabá, no Sul do Pará, apesar de o Lula, a Maria do Carmo e até a Ana Júlia terem obtido boas votações naquele município. O PT perdeu Castanhal, Capanema e Abaetetuba, que é um pólo imenso na região das ilhas. O partido sequer conseguiu recuperar Cametá” – observa o cientista político – “É preciso perceber que a eleição de 2010 vai depender, também, da conquista dos pólos. Mas, o PT não teve esse cuidado estratégico”.


O cientista político, que acompanhou de perto as eleições em vários municípios, lembra que o PT, além da demora nas decisões e da dificuldade de absorção de quadros, enfrenta, ainda, a incapacidade de transformar em votos o trabalho que realiza, nos municípios.


“O PT perdeu Tucuruí, por exemplo, porque não soube se posicionar como oposição, não soube capitalizar isso, apesar de ter sido a referência de oposição, na cidade, nesses anos todos. Daí que o vencedor da eleição tenha sido o Sancler Ferreira, do PPS, que era vice do atual prefeito, Cláudio Furman, que perdeu a reeleição”, comenta.


Outro exemplo é Barcarena. Lá, o atual prefeito, Laurival Cunha, do PMDB, tem uma rejeição tão alta que evitou até subir no palanque do candidato que apoiava – João Carlos Dias, do PP, que venceu a eleição.


“Mas, mesmo assim, o PT não conseguiu se posicionar como oposição, num município importantíssimo, como Barcarena, que tem uma receita de R$ 12 milhões por mês, se não estou enganado. O partido só correu pra lá quando não havia mais tempo. Eles (os petistas) discutiram tanto que, quando a discussão acabou, a eleição já havia começado. Aí, só havia três meses, para resolver uma questão de anos. Quer dizer: o PT está no Governo desde 2007, mas, só vai começar a fazer campanha em julho? E enquanto eles discutiam, o Jader Barbalho mandava brasa: fazia composição, ganhava lideranças. Que nome se dá a isso?”, indaga.


Ele salienta que o PT só conseguiu manter as prefeituras de Santarém e Parauapebas – as únicas que detém entre os 18 municípios mais importantes do estado – porque, ainda no ano passado, o partido “correu atrás”, para melhorar a imagem administrativa dos atuais prefeitos Maria do Carmo e Darci Lermen, respectivamente, ambos reeleitos.


“Em fevereiro do ano passado, o Darci Lermen não conseguiria se eleger nem vereador, devido à alta rejeição e às denúncias contra a administração dele” – recorda – “Mas aí, ainda naquele ano, ele começou um processo de mudanças bem interessante. Demitiu o secretário de Finanças, contratou uma empresa de Comunicação, integrou obras, jogou asfalto e mais asfalto na cidade. Por último, veio um reposicionamento do pessoal dele, para que se reaproximasse dos eleitores. Daí ter recebido o ‘perdão’ do eleitorado”.


Na opinião dele, é preciso que o Governo petista aprenda a acompanhar de perto o quadro político dos municípios interioranos, à semelhança do que fazem o PSDB e o PMDB.


“Se o governo não fizer isso, como é que a Ana Júlia vai se reeleger?” – pergunta – “Se tirarmos os meses de inverno, a Ana tem pela frente, apenas, mais um ano de governo, para mostrar à população aquilo a que veio, afinal. Será que ela vai conseguir?”


O cientista político chama a atenção, ainda, para outra complicação, para os petistas: a possibilidade de que o atual prefeito da capital, Duciomar Costa, venha a se credenciar para a corrida ao Governo do Estado, em 2010 – um páreo no qual é dada como certa também a presença do ex-governador tucano, Simão Jatene.


“Todo mundo dizia que o Duciomar não venceria a eleição de Belém, mas, ele ganhou. Só que ele tem nas mãos um conjunto de obras, que, se conseguir concluir, irá transformá-lo numa das grandes lideranças deste estado, fazendo com que ganhe outro peso em 2010. Se ele conseguir fazer uns 70% do Portal da Amazônia, só aí já muda a cara de Belém. E se entregar a Primeiro de Dezembro, da qual só faltam uns quatro quilômetros, para levar até a BR; se terminar o Binário e entregar o pórtico, na frente do Castanheira; e se conseguir dar um choque de gestão na Saúde, o que nem é assim tão difícil; e fizer uma comunicação estadual, como fez o Pioneiro, o Duciomar, certamente, será um dos nomes colocados para o Governo do Estado, em 2010”, avisa.







O quadro nos municípios médios




Nos 34 municípios com 20 a 40 mil eleitores, que detêm mais de hum milhão de votos, o quadro ficou assim:



PP – Fez 2 prefeituras: Acará e Capitão Poço, que detêm 61.860 eleitores.



PMDB – Fez 12 prefeituras: Augusto Corrêa, Curuçá, Dom Eliseu, Goianésia, Moju, Santa Isabel do Pará, São Geraldo Araguaia, Tomé-Açu, Monte Alegre, Portel, Rondon do Pará e Uruará, que somam 347.209 eleitores.



PT - Fez 7 prefeituras: Conceição do Araguaia, Igarapé-Miri, Itupiranga, Jacundá, Juruti, Salinópolis e Xinguara, que somam 206.464 eleitores.



DEM – Fez 2 prefeituras: Alenquer e Irituia, que totalizam 47.890 eleitores.



PR – Fez 5 prefeituras: Benevides, Breu Branco, Igarapé-Açu, Mãe do Rio e Viseu, que somam 133.256 eleitores.



PSB – Emplacou Novo Repartimento, com 36.176 eleitores.



PV – Fez Oriximiná, com 37.693 eleitores.



PPS – Emplacou Pacajá, com 20.873 eleitores.



PTB – Fez 2 municípios: São Félix do Xingu e Tailândia, que somam 63.616 eleitores.



PSL – Fez Vigia, com 26.136 eleitores.








O quadro nos municípios médios e o quadro geral






Somados os 18 maiores municípios paraenses, que totalizam cerca de 2,5 milhões de eleitores, e esse grupo de 34 cidades médias, que somam mais de 1 milhão de eleitores, os partidos paraenses terão sob a sua administração, a partir de primeiro de janeiro, as seguintes quantidades de votos.



Partido/ Grupo I(Mais de 40 mil eleitores)/ Grupo II(De 20 a 40 mil eleitores)/ TOTAL


PTB/1.008.999/63.616/1.072.615


PMDB/353.333/347.209/700.542


PT/275.975/206.464/482.439


PR/328.112/133.256/461.368


PSDB/197.471/Zero/197.471


PPS/116.762/20.873/137.635


PP/54.942/61.860/116.802


DEM/68.529/47.890/116.419


PV/Zero/37.693/37.693


PSB/Zero/36.176/36.176


PSL/Zero/26.136/26.136





Quantidade geral de votos nominais recebidos, pelas 10 maiores legendas, nos 143 municípios, para prefeito, no primeiro turno:



PMDB: 795.584
PT: 671.318
PTB: 416.412
PR: 373.831
PSDB: 307.545
DEM: 267.738
PPS: 182.991
PP: 88.507
PDT: 62.091
PV: 45.503




Quantidade de prefeitos eleitos, nos 143 municípios, no primeiro turno (dez primeiras colocações):




PMDB: 38
PT: 27
PR: 15
PSDB: 13
PTB: 12
PDT: 9
DEM: 7
PP: 6
PSB: 5
PPS: 3






O blog errou!


O prefeito de Marabá, Tião Miranda, não apoiou Maurino, mas, João Salame.


Quem registrou o erro do blog foi um leitor anônimo.


Muito, mas muito obrigada, anônimo, pela consideração que você demonstrou, a mim e aos nossos leitores, ao apontar esse erro...


Volte sempre!


É bacana receber, neste cafofo, gente tão atenciosa quanto você.


Bjs,



Ana Célia

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

tabuleiro3

Publico mais duas matérias da série sobre as eleições deste ano. A primeira é sobre o PR, a terceira é sobre os resultados dos partidos nos quatro últimos pleitos municipais. Estou toda enrolada, mas, volto ainda hoje, ou, na sexta-feira.







O tabuleiro de 2010 ( III)

Uma surpresa chamada PR




Dos 18 maiores municípios paraenses quatro estarão, a partir do próximo primeiro de janeiro, nas mãos de uma legenda novinha em folha: o Partido da República (PR), que nasceu em dezembro de 2006, com a fusão do Prona e PL.


É uma proeza e tanto: esses quatro municípios (Capanema, Castanhal, Itaituba e Marabá) somam 328.112 eleitores.


Em termos de número de eleitores administrados, o PR só perde, neste grupo de 18 cidades, para o PTB (mais de hum milhão), que administra a capital, e para o PMDB (353.333), que detém Ananindeua, o segundo maior colégio eleitoral do estado.


Mas, em termos de número de prefeituras, nesse “filé” das 18, o PR se transformou no partido com o maior número de municípios, deixando para trás o PMDB e o PSDB, com três prefeituras cada, e o PT, PPS e PTB, cada um com duas.


A que se deve esse desempenho?


“Nós começamos a trabalhar nessa eleição ainda no início do ano passado, quer dizer, muito antes de ela começar. Enquanto o pessoal tirava férias, nos trabalhávamos” – brinca o secretário estadual do PR, Alberto Alcântara – “Não tínhamos dinheiro, mas, contávamos com a capacidade de articulação do Anivaldo Vale, que conseguiu trazer muita gente para o partido”.


Alcântara enfatiza a falta de recursos financeiros do PR, em contraponto ao fato de, mesmo assim, ter terminado essas municipais como o terceiro partido paraense, em número de prefeituras, atrás, apenas, do PMDB e do PT.


A bem da verdade essa ênfase guarda certo exagero.


É certo que o PR se tornou o terceiro maior partido do Pará, em número de prefeituras, e que, em várias cidades, teve contra si a máquina estadual ou a máquina de votos que é o PMDB.


Isso aconteceu, por exemplo, nos quatro municípios que emplacou, entre os 18 maiores do estado.


Mas, não é verdade que estivesse, assim, tão desguarnecido.


Afinal, nacionalmente, detém o robusto Ministério dos Transportes.


E, em vários municípios, contava com a máquina da prefeitura, já que alguns de seus prefeitos disputavam a reeleição.


Mas, também é fato que nada disso seria suficiente para o resultado que alcançou se não tivesse demonstrado a lucidez de lançar candidaturas próprias onde tinha chances reais de vitória ou de, ao menos, consolidar o partido, ao mesmo tempo em que fazia as escolhas certas, na hora de coligar, nos demais municípios.


Daí que tenha sido ajudado pelos tucanos e Democratas na conquista das quatro mais importantes prefeituras que arrebatou.


Mas que, também, tenha apoiado a prefeita Maria do Carmo, do PT, em Santarém, contra o deputado Lira Maia, dos Democratas; e o prefeito Helder Barbalho, do PMDB, em Ananindeua, contra o deputado tucano Manoel Pioneiro.


“Temos alianças com o DEM, PSDB, PT. Procuramos não criar barreiras, porque nascemos para ocupar o nosso espaço”, observa Alcântara.


Nos bastidores políticos consta que o PR tem sido usado, pelo PT, como abrigo para as lideranças políticas que os petistas precisam retirar aos tucanos e Democratas, para difundir a sensação de esvaziamento dos arraiais adversários.


Mas, Alcântara nega essa utilização do PR:


_Não existe essa relação entre o PR e o PT. Tanto que não tivemos ajuda de ninguém. E se você olhar o resultado das eleições vai ver que, em muitas cidades em que poderíamos ter ganhado a prefeitura, quem nos atrapalhou foi o PT.


E acrescenta, mais adiante:


_Antes, na verdade, o PL era uma sigla de aluguel do PSDB: o PL abrigava as pessoas que não podiam ir para o PSDB. Por isso, nunca conseguiu crescer. Mas, as velhas lideranças do PL não têm qualquer ingerência no comando do PR. Não somos uma sigla de aluguel. Nascemos com o propósito de nos tornarmos um partido grande.


Alcântara acentua, porém, que o PR “também não nasceu para ser oposição ao governo estadual”, uma vez que integra a base de sustentação nacional do PT.


E, num típico sapateado de catita, acrescenta que a legenda, no Pará, adota “uma linha aberta” de alianças, até porque ainda aguarda pela oferta de espaços administrativos:


_ Não temos nada no governo estadual. Mas, depois desse resultado, acreditamos que a tendência é que o governo nos sinalize com alguma coisa.


O PR é presidido, no Pará, por Anivaldo Vale.


Anivaldo foi deputado federal por três mandatos consecutivos – os dois últimos pelo PSDB. Mas, em 2006, não se recandidatou, preferindo eleger o filho, Lúcio Vale, deputado federal pelo PMDB.


Consta que Anivaldo teria deixado o PSDB muito magoado: ele foi preterido para a disputa ao Senado, em 2006, já que os tucanos, na última hora, optaram por Mário Couto.


Daí que essa mágoa de Anivaldo – ou até o ódio aos tucanos, como garantem alguns - poderia obstar eventuais composições com o PSDB.


Alcântara garante, porém, que Anivaldo não cultiva tais sentimentos em relação aos tucanos.


“O Anivaldo é um político que não faz política com ódio, nem olha para trás” – afirma o secretário do PR – “Não vejo nele nenhuma mágoa. Mas, a decepção de ter acreditado num projeto”.


Mas, quanto às alianças para 2010, Alcântara prefere fazer segredo:


_Não estamos voltados para 2010. O que queremos é que os nossos prefeitos sejam bem sucedidos. Por isso, a nossa preocupação, agora, é dar-lhes um mínimo de orientação, através da montagem de um modelo de gestão do PR.




A dança das cadeiras municipais




O PMDB voltou a crescer – e, numericamente, nunca teve tanto poder de fogo.


O PSDB encolheu, em proporções nunca vistas, nos últimos 12 anos.


Já o PT – e essa, talvez, seja outra grande surpresa destas eleições – cresceu num ritmo muito menor ao que vinha desenvolvendo até aqui (apesar de possuir as máquinas federal e estadual).


Essas são algumas das conclusões a que se pode chegar quando se comparam as prefeituras conquistadas, neste pleito, pelos dez maiores partidos estaduais, com aquelas que obtiveram nas três eleições anteriores (1996, 2000 e 2004).


Note-se que se trata, apenas, da quantidade de prefeituras, ou seja, dos números gerais, sem levar em conta a importância estratégica delas (peso do eleitorado e influência regional).


É preciso ressaltar, ainda, que os números se referem, apenas, ao primeiro turno.


E que, no caso de partidos como o DEM e o PR, foram registradas as prefeituras obtidas, respectivamente, pelo PFL e PL (o Prona, que também originou o PR, não possuía prefeituras).


Os números são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


Mas, é importante levar em conta que, nos dados relativos a 1996, faltam os resultados de quase duas dezenas de prefeituras interioranas: Afuá, Anajás, Anapu, Baião, Cachoeira do Arari, Chaves, Gurupá, Mocajuba, Nova Timboteua, Novo Repartimento, Oeiras do Pará, Pacajá, Peixe-Boi, Ponta de Pedras, Portel, Porto de Moz, Santa Cruz do Arari, São Félix do Xingu, São Sebastião da Boa Vista.


Segundo consta no site do TSE, tais resultados não puderam ser recuperados.


Volto ao assunto neste final de semana.


Veja a tabela comparativa das prefeituras conquistadas pelos dez maiores partidos paraenses, nas quatro últimas eleições municipais.





Partido/1996/2000/2004/2008


PMDB/30/35/23/38


PT/1/6/18/27


PTB/8/14/18/12


PR/2/5/9/15


PSDB/35/46/47/13


DEM/14/4/7/7


PPS/1/1/3/3


PP/Não consta/11/6/6


PDT/11/12/5/9


PSB/5/4/2/5

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

tabuleiro 2




Publico a segunda matéria da série. Volto logo mais ou amanhã, com a terceira.







O tabuleiro de 2010- II




Tucanos, camaleões e outros bichos


“A análise de uma eleição não pode ser, apenas, quantitativa: tem de ser qualitativa” – ensina um cacique do PMDB – “É preciso ver quem é quem, para fazer uma projeção para 2010. Muitas pessoas que estão no PT e no PR são tucanos enrustidos, prontinhos para retornar ao ninho, caso o Jatene e o Serra ganhem projeção”.


“Há muito prefeito camaleão aí” – ecoa um deputado do DEM – “Mas não é camaleão no sentido pejorativo: é gente que teve de mudar de cor por uma questão de sobrevivência, mesmo, para fugir à estadualização das eleições. Gente que migrou para partidos neutros, como o PR, o PMDB e o PDT, para ficar fora desse foco, dessa polarização, dessa ira do PT e do PSDB”.


Tanto o líder peemedebista, quanto o deputado dos Democratas têm razão: muitos prefeitos eleitos ou reeleitos nestas municipais têm antigos e consistentes laços com os tucanos.


E esse é outro dado a demonstrar, juntamente com o fraco desempenho nos 18 municípios mais importantes do estado, que o PT tem razões de sobra para se preocupar com o tabuleiro estadual de 2010.


E é, também, o tipo de informação que só pode ser “garimpada” quando a análise ultrapassa a fria matemática global. E se aprofunda, como ensina a raposa peemedebista, na qualidade, no “quem é quem”, dos prefeitos eleitos pelo PT e pelas legendas que integram a base de sustentação dos governos federal e estadual.


Pior (para o PT, é claro!): muitos desses “prefeitos camaleões” ou “tucanos enrustidos” são verdadeiras máquinas de votos.


O que, em tese, poderá até protegê-los da “ira” petista, nos próximos dois anos.


Afinal, que senador ou deputado não se mostrará solícito com esses titãs municipais, que podem alavancar a reeleição de vários proporcionais?


Daí a dúvida: por que não dar a cara desde já? Ou será que a estratégia tucana é, justamente, a de se fingir de morto?


Talvez, até para ver como ficará, de fato, o cenário nacional, que será determinante para os tucanos paraenses, sob dois aspectos.


O primeiro é a alavancagem de uma candidatura estadual, através de uma “onda amarela”, oriunda dos impactos da crise mundial sobre a economia brasileira e da incapacidade petista de assegurar um sucessor “vermelho” para o presidente Lula – que, aliás, sempre foi maior que o PT...


E que, ao contrário do que se supunha, também não possui uma capacidade “mágica” de transferência de votos – como demonstram os resultados eleitorais de algumas das maiores cidades brasileiras.


O segundo aspecto é para lá de objetivo: dinheiro, financiamento para o caixa de campanha.


E dinheiro suficiente para contrabalançar o poderio das máquinas federal e estadual, hoje nas mãos dos “vermelhinhos”...




Os casos antológicos




“Muitos desses prefeitos eleitos não são estranhos ao ninho tucano. Muito pelo contrário: aqui se acasalaram e até geraram filhotes” – brinca um emplumado “amarelinho”.


Há exemplos gritantes de prefeitos eleitos ou reeleitos que, embora integrem partidos da atual base de sustentação petista, como é o caso do PR e até do PMDB, possuem indisfarçável “tendência tucana”.


E, o que é pior (novamente para o PT, é claro!) têm ou terão sob o seu comando grandes colégios eleitorais.


Veja-se o campeoníssimo Hélio Leite, reeleito, em Castanhal (que tem mais de 97 mil eleitores), com 77,43% dos votos válidos – proporcionalmente, uma das maiores votações do país e uma surra acachapante tanto no PT, quanto no PMDB, que tiveram candidatos próprios naquele município.


Hélio se elegeu prefeito, em 2004, pelo PMDB. Mas, brigou com o partido para apoiar os tucanos. Seu vice, é verdade, é do PR. Mas, PSDB e DEM integram a coligação que o reelegeu.


Quer dizer: se a relação dele com os petistas já não era assim tão bacana, o que dizer agora?


“O Governo do Estado fez promessas mirabolantes para o Hélio, quando ele foi para o PR” – confidencia um político do DEM – “A intenção dele (Hélio) era voltar ao PMDB. Mas, o PT o assediou muito para que se filiasse ao PR, porque seria ‘muito bem atendido’(com verbas, é claro). Mas, nada disso aconteceu”.


E prossegue a fonte do DEM: “Para completar, PT e PMDB lançaram candidatos próprios, em Castanhal, que se mostraram verdadeiros fracassos, diga-se de passagem. Mas, até a última hora, o PT fez uma pressão enorme para dar o vice do Hélio, sempre com promessas mirabolantes”.


Segundo o parlamentar, promessas semelhantes foram feitas pelos petistas a outros prefeitos e candidatos que também migraram para PR. “Eles prometeram tudo: asfalto, verbas. Mas, esse pessoal (do PT) não é muito bom de honrar compromisso”, observa.


Mais um exemplo: Eslon Martins, outra máquina de votos do populoso Nordeste paraense.


Eslon foi candidato a prefeito de Capanema, em 2004, pelo PMDB.


Perdeu as eleições e acabou saindo do PMDB, quando decidiu apoiar Almir Gabriel, para o Governo do Estado, em 2006.


Agora, Eslon foi eleito prefeito, pelo PR, com 63,23% dos votos válidos de Capanema (que tem mais de 45 mil eleitores).


Na eleição, teve o apoio das figuras mais expressivas do tucanato paraense (Jatene, Mário Couto, Flexa Ribeiro) e derrotou, com uma chinelada, o candidato do PPS, que era apoiado pelo PT e pelo PMDB. A prefeitura de Capanema, aliás, estava nas mãos de Alexandre Buchacra, do PT, que nem concorreu à reeleição devido à altíssima rejeição.


Outro exemplo: Roselito Soares, que se reelegeu à Prefeitura de Itaituba (mais de 63 mil eleitores) com 42, 35% dos votos válidos.


Em 2004, Roselito se elegeu prefeito pelo PSDB. Depois, acabou migrando para o PR, por onde, agora, se reelegeu.


Teve contra si dois candidatos: um do PMDB, outro do PT. E foi apoiado, sintomaticamente, pelo PSDB e pelo DEM.


Mais um exemplo: Maurino Magalhães, também do PR, que se elegeu prefeito de Marabá (mais de 122 mil eleitores), com 49,79% dos votos válidos.


É verdade que o PMDB também (e porque é inteligente) apoiou a eleição de Maurino, como lembra uma liderança peemedebista, até retirando a candidatura de Asdrúbal Bentes.


Mas, Maurino teve como um de seus maiores cabos eleitorais, desde os primórdios de sua candidatura, a deputada estadual Suleima Pegado, do PSDB. E talvez tenha sido esse um dos fatores a contribuir para que os tucanos não embarcassem de mala e cuia na campanha do deputado João Salame, do PPS – que terminou em segundo lugar, na disputa pela prefeitura de Marabá.


“O Almir (o ex-governador Almir Gabriel) fez, inclusive, declaração de voto para o Maurino” – recorda um tucano – “E o próprio Tião Miranda (o atual prefeito de Marabá, que foi o maior eleitor de Maurino) também apoiou o Jatene, em 2002”.


Também em Marabá, a performance petista foi um fiasco: o partido insistiu na candidatura da deputada Bernadete Ten Caten, apesar do PR integrar a base aliada.


Resultado: Bernadete acabou amargando um terceiro lugar – em que pese ser petista da gema e o partido ter, portanto, todo o interesse na sua eleição.


Mais um exemplo: Wagner Fontes, do PTB, que se elegeu prefeito de Redenção (47.767 eleitores), com 59,30% dos votos válidos.


Wagner é outro integrante da “base aliada” dos petistas que possui ligações estreitas e antigas com os tucanos.


E essa relação, aliás, ele nem faz questão de esconder: seu vice é do PSDB.


Mas, também no grupo de 34 municípios médios paraenses, que detêm mais de hum milhão de eleitores, há indisfarçáveis “camaleões”.


É o caso, por exemplo, de João “Piloto” Filgueiras, que se elegeu prefeito de Alenquer pelo DEM, com 38,41% dos votos válidos – e que foi prefeito da cidade, em 2000, pelo PSDB.


Ou de Amós da Silva, de Augusto Corrêa, que se reelegeu, agora, pelo PMDB – mas que foi eleito, em 2004, pelo PSDB – os tucanos, aliás, integraram a coligação que o reconduziu ao poder...


Ou de Edimauro Farias, reeleito prefeito de Benevides pelo PR, com 35,43% dos votos válidos – mas que se elegeu, em 2004, pelo PSDB.


Ou de Francisco Braga, que se elegeu em Mãe do Rio, pelo PR, com 38,02% dos votos válidos, com o apoio do DEM, PSDB e PV e sucedendo a Antonio Rabelo, que foi prefeito da cidade por dois mandatos consecutivos, o último deles pelo PSDB.


Ou de Luiz Gonzaga, de Oriximiná, outra máquina eleitoral: teve 72,79% dos votos válidos.


Gonzaga já foi prefeito de Oriximiná pelo PMDB, no ano de 2000.


Mas, mesmo naquela época, já era até mais tucano do que muitos integrantes do PSDB.


Sucede Argemiro Diniz, do PSDB. E retorna ao comando da prefeitura pelo PV, em coligação com o PSDB, DEM , PP e PR.


E no alto de uma chinelada histórica, no PMDB e PT, a “dobradinha” da chapa de oposição.


Outro exemplo é Jardel do Carmo, que se elegeu prefeito de Monte Alegre com 51,20% dos votos válidos.


Agora no PMDB, Jardel já foi prefeito da cidade, pelo PSDB, no ano de 2000.


E talvez seja por isso que o ressabiado PMDB decidiu garantir, em Monte Alegre, também a vice-prefeitura da cidade...