sábado, 13 de janeiro de 2007

Alea jacta est

O Futuro aos deuses pertence!



Ao fim (última estrofe de Fortuna Plango Vulnera) há referência a uma história de que gosto muito. Trata-se da rainha Hécuba, mulher do rei Príamo.

A história de Hécuba é mais ou menos assim: durante 50 anos, ela foi rainha da rica e poderosa Tróia.

Aquando da guerra contra os gregos contava mais de 70 anos.

Velha, portanto, e depois de uma vida inteira “abençoada”, viu morrer Príamo e todas as dezenas de filhos que tiveram.

Além de ver morrer todos eles, inclusive Heitor, o mais bravo, também viu morrer o filho deste, atirado de um penhasco.

Viu, ainda, a amada Tróia em chamas.

A “coroar” tais infortúnios, ainda foi levada como escrava, para passar os últimos anos de vida a servir quem lhe havia tirado tudo.

Trágica Hécuba, como só os gregos sabiam ser! Com as parcas a tecer o inelutável destino, sempre sujeito a toda uma anterioridade, e no qual, por vezes, era a deusa Éris a imperatriz do mundo...

“Gira, roda da fortuna”, “eis meu dorso nu exposto a tua crueldade” e “eis o bravo, derrubado pela sorte, chorai comigo!”, são algumas das frases dessa preciosa criação.

Divagando, a Perereca retorna a Carmina Burana. E, mais uma vez, faz girar a Roda da Fortuna.



Carmina Burana

(Fortuna e Fortuna plango vulnera)

I

O Fortuna
Velut luna
Semper statu variabilis,

Semper crescis
Aut decrescis;
Vita detestabilis
Nunc obdurat
Et tunc curat
Ludo mentis aciem,
Egestatem,
Potestatem
Dissolvit ut glaciem.


Sors immanis
Et inanis,
Rota tu volubilis,
Status malus,
Vana salus
Semper dissolubilis,
Obumbrata
Et velata
Michi quoque niteris;
Nunc per ludum
Dorsum nudum
Fero tui sceleris.


Sors salutis
Et virtutis
Michi nunc contraria,
Est affectus
Et defectus
Semper in angaria.
Hac in hora
Sine mora
Corde pulsum tangite;
Quod per sortem
Sternit fortem,
Mecum omnes plangite!

II

Fortune plango vulnera
Stillantibus ocellis
Quod sua michi munera
Subtrahit rebellis.

Verum est, quod legitur,
Fronte capillata,
Sed plerumque sequitur
Occasio calvata.

In Fortune solio
Sederam elatus,
Prosperitatis vario
Flore coronatus;

Quicquid enim florui
Felix et beatus,
Nunc a summo corrui
Gloria privatus.

Fortune rota volvitur:
Descendo minoratus;
Alter in altum tollitur;
Nimis exaltatus

Rex sedet in vertice
Caveat ruinam!
Nam sub axe legimus
Hecubam reginam

4 comentários:

Anônimo disse...

li sua reportagem sobre o Hangar no Diário do Pará,que estava excelente
vc poderia dar mais detalhes sobre o assunto em seu blog? seria interessante
e vc sabe em que pé está a situação do centro de convenções agora no governo da Ana Júlia?

Anônimo disse...

Minha perereca gordinha, pelo amor de Deus, ou vc muda o seu blog ou vai acabar por ele mesmo.
Será que só você não vê isso?
Nenhum recado sequer?

Anônimo disse...

Ana Célia, diga para o anônimo aí de cima que blog não precisa de comentários para sobreviver. Muitas pessoas passam pelos blogs para ler e não comentam. O pior é ter que aturar comentaristas como ele. Grande abraço e obrigada pela bela imagem da velha Belém!
Lu.

Ana Célia Pinheiro disse...

É lindíssima, não é, Lu? Mas dê um pulo ao blog do Parsifal. Você vai ficar encantada. E agradecida. Bjs, Ana Célia